Ossos que contam histórias de violência - Borderlands Warfare

Figura 1 - Crâneos com  pontas de seta cravadas. Retirado de Wilson (1901).




O papel da Bioantropologia na recolha de evidências de violência interpessoal, ritual e guerra primitiva nos restos osteológicos humanos



    A Biantropologia é a disciplina que se ocupa do estudo dos restos osteológicos humanos. Muita informação fica registada nos ossos transformando estes na pista mais directa do quotidiano dos nossos antepassados. Da rotina diária e repetitiva ao acontecimento esporádico, por vezes traumático, dos vários rituais tribais às situações de stress alimentar, tudo fica escrito nos nossos ossos. Nas palavras de Walker (2001, p. 574): “…bioarchaeologists are ideally positioned to explore the causes of violence in earlier societies. Human remains from archaeological sites are a unique source of data on the environmental, economic, and social factors that predispose people to both violent conflict and peaceful coexistence”. Para Silva (2000): “Os sinais de trauma em populações humanas podem reflectir vários aspectos do seu tipo de vida, como a cultura material, a economia, o ambiente, a ocupação e a violência interpessoal (Larsen, 1997; Jurmain, 2001)”. Pela análise dos restos osteológicos humanos e tendo em conta o modo como são inumados, chegamos a leituras de comportamentos tanto individuais como de grupo, o modo como uma sociedade trata os seus mortos é um reflexo dessa própria sociedade. A Bioantropologia, nomeadamente no estudo da patologia traumática óssea, Antropologia funerária e Paleodemografia, torna-se assim essencial em qualquer estudo das origens da guerra, é uma importante fonte de dados e decididamente a mais directa. Se a guerra fazia parte das sociedades pré-históricas então vamos encontrar as marcas nos restos osteológicos humanos descobertos nas escavações arqueológicas. Temos que ter sempre em conta que nem todas as marcas de violência nas ossadas são evidências de guerra, não podemos esquecer a violência interpessoal, o feud, os acidentes e os rituais que apesar de violentos não estão associados à guerra na pré-história. 


Figura 2 - Foto tirada numa escavação da Idade do Bronze da República da Irlanda em que participámos. Este sepultura estava a 50 metros da necrópole, fora do fosso que a circundava, sem oferendas e o individuo parece ter sido sepultado com as mãos atadas. Muito interessante. 


    A violência interpessoal em populações humanas pré-históricas pode ser observada na patologia traumática óssea, nos traumas que podem ser identificados nos ossos dos nossos antepassados. A patologia traumática óssea tem várias classificações que permitem uma melhor análise das suas causas, segundo Silva (2000): “As lesões traumáticas podem ser classificadas de várias formas, incluindo fracturas, perfurações (acção de armas), deslocações, deformações artificiais, trepanações, canibalismo, entre outras (Roberts, 2000b)”. Para Lessa (2004, p. 10): “A identificação de sinais de violência interpessoal…através de indicadores específicos…tais como as fracturas…e a presença de pontas de projéctil encravadas nos ossos (Steinbock, 1976; Ortner e Putcher, 1985; Merbs, 1989; Walker, 1989). (…) Também são considerados sinalizadores de violência os traumas provocados por decapitação, escalpe, canibalismo e desmembramento…”. Segundo Haas (2004) temos vários indicadores de guerra no registro arqueológico, entre eles indicadores no registo osteológico que consistem em fracturas de Parry, fracturas frontais no crânio, marcas de escalpe e distribuições desequilibradas nas populações das necrópoles (Paleodemografia).


Figura 3 - Individuos que não foram sepultados e parecem ter tido mortes violentas. Retirado de Bahn (2002).

    A presença de artefactos que causaram os ferimentos cravados nos ossos é o sinal mais directo de violência interpessoal. Apesar de certos autores tentarem explicar a presença de artefactos cravados nos ossos como acidentes, parece-me muito difícil esticar um arco ou lançar uma lança contra alguém por acidente,

    As patologias traumáticas ósseas só podem ser interpretadas como prova da existência de violência interpessoal, para considerarmos a existência de guerra primitiva temos que ter uma elevada frequência destas ocorrências em ossadas relacionadas entre si. Existem outras justificações para as patologias traumáticas, nas palavras de Osgood et al. (2000, p.19): ”…skeletons exhibiting weapons injuries are not necessarily proof of warfare (other explanations include executions, murders, immediate postmortem wounds and even ritual killing)…”. As remoções, canibalismo e trepanações entram no campo do ritual e têm uma leitura mais subjectiva.

    As fracturas e perfurações dão-nos uma ideia das zonas do corpo mais visadas pelos ataques e as armas usadas. Estas podem ter uma origem acidental, principalmente se o habitat das populações for acidentado (Silva, 2000), logo nas sociedades de caçadores-recolectores e de pastores temos mais acidentes.


Figura 4 - Crâneo com perfuração e vértebra com projéctil cravado. Ambos os traumas mostram sinais de terem sido curados. Retirado de Jurmain (2001).



    Nos E.U.A., num estudo de ferimentos por causas violentas, verificou-se que apenas 16% deixavam marcas no esqueleto (Rand e Storm, 1997 apud Lessa, 2004). Segundo Guilaine e Zammit (2002, p.152): “…aquellos heridos y muertos por un impacto en sus partes brandas (carne, músculos, vísceras). La desaparición de esta porción importante del cuerpo no permite apreciar, ni siquiera someramente, el alto porcentaje de muertos…”. Segundo Walker (2001), em posição frontal, o esqueleto humano ocupa cerca de 60% da área alvo possível durante um ataque. Portanto por cada evidência de violência interpessoal que temos marcada nos ossos muitas mais não deixaram vestígios.

    Em relação ao tipo de fractura temos que observar, nas palavras de Walker (2001, p. 576): “…antemortem [traumas anteriores à morte do indivíduo] and perimortem [por volta da altura da morte do indivíduo] injuries are of considerable anthropological interest because of the implications they have for human behavior.” Temos que ter em conta que as fracturas perimortem que não apresentam sinais de cicatrização, podem ter sido causadas após a morte do indivíduo ou devido a processos tafonômicos (Lessa, 2004, p. 10). A melhor maneira de identificar uma fractura antemortem consiste na observação da formação de osso novo na fractura (Walker, 2001, p. 576). 

    Silva (2000) traz-nos a seguinte definição de fractura: “Por fractura entende-se um evento traumático que resulta da descontinuidade completa ou parcial de um osso (Lovell, 1997; Roberts e Manchester, 1995). Pode resultar de uma força aguda, de um stress repetitivo (fractura por fadiga) ou do enfraquecimento do osso devido a doença (Lovell, 1997)”. Temos fracturas que são pelas suas características associadas à violência interpessoal. As fracturas dos membros nos terços médio e distal dos antebraços, denominadas fracturas de Parry, estão associadas à violência interpessoal, esta fractura sugere um movimento em que o indivíduo levanta o braço em frente à cabeça para se proteger de um ataque (Ortner e Putschar, 1985; Merbs, 1989; Jurmain, 1991; Webb, 1995 apud Lessa, 2004, p. 13). Segundo Vegas et. al. (1999) temos a fractura de Monteggia que é semelhante à de Parry: “…fracturas de cúbito de las denominadas de Monteggia o de paro. Se trata de una característica rotura del hueso producida por un golpe directo con una estaca u otro objeto contundente sobre la cara dorsal del antebrazo, mientras lo agredido lo levanta para defenderse en un movimiento reflejo.”. As fracturas cranianas por depressão ou na face, principalmente nos ossos nasais, podem ser um sinal claro de violência interpessoal (Lessa, 2004, p. 10), uma vez que num combate de proximidade a cabeça é um alvo preferencial. 

Figura 5 - Fracturas de "Parry". Retirado de Judd (2004) e Knusel (2005).


    As fracturas no crânio quando isoladas e sem a presença de outros traumas noutras partes do corpo, podem indicar que não temos um acidente (Lessa, 2004, p. 13), numa queda é difícil magoar só a cara. Segundo Walker (1989, 1979) apud Lessa (2004, p. 11) as lesões atribuídas a acidentes apresentam uma distribuição irregular com tamanhos e formatos variados. 

    É possível determinar a intenção dos golpes aplicados, por exemplo, o frontal (no crânio) é mais resistente que o parietal, em combates que o objectivo não seja matar, pode ser atingido com mais frequência (Wilkinson, 1997 apud Lessa, 2004, p. 12). Segundo Lessa (2004, p. 12) o ângulo com que o golpe foi aplicado também pode ser determinado, por exemplo, lesões no occipital (no crânio) podem indicar que a vitima estava de costas (a fugir, imobilizada ou apanhada de surpresa). 

    As fracturas concentradas numa zona do corpo ou quando apresentam um padrão regular de tamanho e forma, podem estar associadas ao tipo de arma usada e de violência interpessoal (Lessa, 2004, p. 11). Segundo Thorpe (2003, p.155-157): “Bennicke´s examination of cranial trauma in Denmark (1985:98-101) shows that during the Mesolithic there were a high number of injuries in the form of fractures and impressions. (…) A similar pattern of cranial injuries has been detected…among Yanomamo, where these generally non-lethal wounds result from fighting duels with heavy wooden clubs (Chagnon 1997).” Lessa (2004, p. 14-15) no estudo de populações da cultura Tiwanaku (Chile, 500 d.C.) e em relação às lesões encontradas no crânio: “…em sua maioria de formato oval…principalmente na região frontal…arremesso de pedras atiradas com fundas, que os arqueólogos admitem como um dos tipos de armada região.”. As fracturas causadas por cortes de armas brancas (lâminas) deixam uma marca característica, são fáceis de identificar e atribuir à violência interpessoal.


Figura 6  - Traumas de ponta de seta, pontas de lança e espada. A  foto da esquerda é do "homem de Kennewick". Fotos retiradas da Internet.


    A frequência de traumas em estudos de âmbito mais alargado permite detectar variações na intensidade da violência interpessoal. No estudo de populações Italianas detectou-se mais traumas do crânio no Neolítico, estes diminuem no Eneolítico e voltam a aumentar na Idade do Bronze e do Ferro (Robb, 1997 apud Walker, 2001, p. 587). Walker (2001, p. 587) comenta este estudo, em relação à iconografia do guerreiro na Idade do Bronze: “…The cultural celabration of violence seems to have had na inverse relationship to its frequency”. 

    Uma perfuração pode ser um sinal de violência interpessoal, se tivermos restos ou a totalidade do projéctil que a causou, então não deixa dúvidas. Além de projécteis podemos também ter perfurações por artefactos afiados.

    As perfurações através da localização e trajectória de penetração do projéctil podem informar quanto à estratégia do ataque (Lessa, 2004, p. 13). Mas segundo uma pesquisa do registo arqueológico francês temos marcas de projécteis em todo o corpo humano (Guilaine e Zammit, 2002, p. 155). 

    Por cada projéctil que é encontrado cravado nos osso temos que ter em conta os que foram retirados, os não se mantiveram no sítio com o passar do tempo, aqueles que seriam feitos de materiais perecíveis, a área cúbica total do corpo humano e a probabilidade do projéctil tinha de acertar em osso, também temos que ter em conta os que falharam. Resumindo por cada projéctil encontrado in situ cravado no osso muitos mais foram disparados e atirados contra alvos humanos. Os autores Palomo i Pérez e Gibaja Bao (2003, p. 179), no estudo das pontas de seta encontradas em monumentos do Neolítico \ Calcolítico da Catalunha, lançam a hipótese de estas terem chegado ali dentro dos corpos do inumados.

Figura 7 - Localização do impacto de projécteis em nove individuos no enterramento colectivo de San Juan Ante Portam Latinam. Retirado de Vegas et al.  (1999).


    Certos movimentos repetitivos deixam marcas nos ossos, algumas dessas marcas podem representar acções ligadas à violência interpessoal, como disparar um arco ou montar a cavalo, no entanto estas actividades não são exclusivas da violência interpessoal.

    Tendo em conta as armas usadas na Pré-História podemos considerar as fracturas na cabeça, pescoço ou nos membros superiores (como a de Parry ou Monteggia) associadas a combates de proximidade com armas de mão, por exemplo mocas e machados (a funda no entanto tem como alvo preferencial a cabeça). As lesões por cortes com lâminas afiadas têm uma clara associação a uma guerra de proximidade com armas de mão. As perfurações estão mais associadas a projécteis e aparecem em todo o corpo, temos uma guerra à distância com armas de arremesso, por exemplo arco e flechas, javalinas e lanças (embora a lança possa ser usada a curta distância e causar fracturas). 

Figura 8 - Localização dos traumas em crâneos do enterramento colectivo de Sandbjerg. Retirado de Bennike (2006).


    Segundo Bahn (2002, p. 28) vários autores encontram pistas de canibalismo nos ossos humanos, se estes tiverem marcas de corte, estiverem esmagados ou apresentarem sinais de terem sido queimados. Ainda segundo este autor (p. 29) outra evidência de canibalismo é o facto de se encontrarem ossos humanos misturados com ossos de outros animais, com o mesmo tratamento e marcas. Thorpe (2003, p.158) relaciona o canibalismo com a guerra primitiva: “If these are cases of cannibalism, then they could be linked to warfare through a common explanation given by historically recorded groups who practice cannibalism, that the vital energies or personal attributes of the enemy would be absorbed by the cannibals. Cannibalism is also sometimes used in South America societies as a way of disrespecting the enemy, eating their flesh as animal meat (Conklin 1995)”. Segundo Guilaine e Zammit (2002, 116): “Muchos autores tienen la tendencia a limitar en gran medida el llamado canibalismo alimenticio, incluso a negarlo por ser tabú. Proponen razones de guerra par explicar la consumición de carne y sangre humanas, como manera de desembarazarse de los enemigos, los prisioneros, las personas secuestradas, siendo entonces una práctica límite.”. Keeley (1997, p. 103-106) refere dois tipos de canibalismo: culinário (comer carne humana como fonte de proteínas, este tipo pode ser um caso extremo de fome) e ritual (consumir uma parte do corpo com fins mágicos). O canibalismo gastronómico pode ser definido como o consumo de membros do grupo após a sua morte (Thorpe, 2003, p. 152). Keeley (1997, p. 103-106) traz-nos uma série de exemplos históricos e etnográficos de canibalismo culinário e ritual relacionados com a guerra primitiva. Destes gostava de referir o exemplo dos Maori, estes resolviam o problema da logística consumindo os prisioneiros, podiam assim continuar as suas campanhas movendo-se de ilha em ilha. Uma evidência vem reforçar a hipótese de canibalismo entre povos primitivos, a análise de excrementos humanos de um arqueossítio do Sudoeste do Colorado, revelou uma proteína muscular humana que só pode ter ido lá parar pela ingestão de carne humana (Marlar et. al. 2000 apud Walker, 2001, p. 579). No entanto como referem Guilaine e Zammit (2002, p.118) podem existir muitas justificações para o canibalismo: motivos guerreiros, mágicos, alimentícios, funerários, simbólicos ou sacrifícios. 


Figura 9 - Marcas de corte no humero de um individuo. Retirado de Andrushko et al. (2010).


    As remoções de partes do corpo do inimigo fazem parte da guerra primitiva. Thorpe (2003, p. 158) menciona: “If headhunting is involved, then this simultaneously deprives the enemy of the benefit of the strength provided by reincorporating the dead into the group and unleashes the anger of the dead on their on community unless the dead can be avenged (Boès and Sears 1996).”. Em Ofnet, no Mesolítico da Bavaria, temos um exemplo de recolha de cabeças (Frayer, 1997 apud Walker, 2001, p. 586). Ainda segundo este autor, em relação a Ofnet: “…decapitation is suggested by perimortem cutmarks on many of the cervical vertebrae recovered with the skulls”. Aldhouse-Green (2006, p.300) refere, acerca da recolha de cabeças: “In suggesting that the human heads at Gournay were those of defeated battle-victims, such practice accords with a convincing body of evidence for the collection of enemy trophy-heads in Iron Age and Roman Europe within a ritual context.”. Harde (2000, p. 2) traz-nos um exemplo da Idade do Bronze da Boémia, que considera como exemplo de sacrifício relacionado com a guerra: “In some cases, the individual has been decapitated…”. Dennen (1995, p. 419) refere e existência da cultura de headhunting entre povos primitivos nas seguintes áreas geográficas: Partes de África, Indonésia, Nova Guiné, Melanésia, partes da Polinésia, Micronésia, Índia e América do Sul. Segundo o mesmo autor (p.421): “Trophies of all short have been recorded in the literature: skulls, scalps, skins, leg or arm bones, male genital organs, and above all captives”. 


Figura 10 - Fossas com craneos na gruta de Ofnet. Retirado da Internet.


    Segundo Silva (2000) e acerca das trepanações: “Até ao momento, existem descritas 22 trepanações portuguesas do Neolítico até à Idade do Bronze (incluindo algumas prováveis e possíveis).” As trepanações podem ser uma forma de medicina ou um ritual, no entanto nos casos em que foi possível determinar o sexo do indivíduos estes pertenciam ao sexo masculino (Silva, 2000). 

    As remoções, canibalismo e trepanação podem ser rituais que apesar de violentos tinham a conivência de todos os actores mas ao contrário dos acidentes revelam intenção. Entre povos etnográficos e históricos temos rituais de iniciação e passagem que podem ser muito violentos. Outros rituais de carácter religioso são também violentos e podem levar à morte de alguns dos intervenientes ou seja o seu sacrifício. Em muitos dos casos os sacrificados são prisioneiros de guerra (Aldhouse-Green, 2006, p. 281). 


Figura 11 - "Bog bodies" com sinais de violência. Retirado de Bahn (2002).


    Para Silva (2004, p. 4): “… o conhecimento do mundo dos mortos é necessário a tomada de vários dados do âmbito da Antropologia funerária, tais como, o tipo de sepulcro, a posição da inumação, o número de indivíduos por sepultura, o espólio associado e, no caso de um cemitério, a sua organização espacial.”. Com Guilaine e Zammit (2002, p. 58) temos evidências de guerra na Pré-História em: “…fosas comunes con restos acumulados de cuerpos; esqueletos con diversos traumatismos depositados en panteones familiares; necrópolis en las que las familias han agrupado a varias personas muertas en enfrentamientos, y difuntos abandonados en el campo de batalla y fosilizados por un aporte rápido de sedimentos. Estos hallazgos arqueológicos son los que el investigador puede someter a un análisis crítico.”. A destruição de um corpo pode dar-se por exposição, imersão, incineração ou inumação (Dafleur, 1993 apud Silva, 2004, p. 9), apenas os dois últimos métodos deixam vestígios arqueológicos e o último é aquele que permite encontrar mais pistas de violência interpessoal e guerra. Temos sepulturas com inumações desde o Paleolítico Médio com o Homo neanderthalensis há 100 000 anos (Guilaine e Zammit, 2002, p. 62). A sepultura representa esforço e intenção, é sinónimo de práticas funerárias e algum tipo de relação para com o indivíduo. Nas palavras de Osgood et. al. (2000, p.70): “…burials and cremations with grave-gods were a statement of how people wanted the dead, their ancestors, to be perceived by their own and perhaps future societies”. 

  A inumação em local que não é habitual por vezes com reaproveitamentos de estruturas com outras funções (por exemplo silos, fossas, lixeiras e valas), a inexistência de sepultura, a própria posição do indivíduo inumado ou inexistência de ritual funerário (sem objectos de cariz funerário) podem ser indicadores de violência interpessoal e guerra primitiva. Temos que ter em conta que na guerra os corpos dos guerreiros caídos nem sempre são sepultados, porque pertencem a grupos inimigos, porque o campo de batalha é longe dos locais de sepultura habituais, porque não ficou ninguém para sepultar os demais. A posição em que a ossada se encontra pode ajudar a perceber se temos uma sepultura (Silva, 2004, p. 8). A posição das mãos cruzadas sobre o peito, provavelmente atadas, pode ser uma evidência de violência interpessoal (Aldhouse-Green, 2006, p. 288). Ainda segundo esta autora: “…The deposition of bodies face-down…might be linked to the dispatch of captives”. Os indivíduos encontrados numa lixeira do povoado Calcolítico de Leceia são um exemplo de local pouco próprio para uma inumação (Cardoso, 1991, p. 80-81). Acerca da Idade do Bronze na Europa Central, Harde (2000, p.1), frisa: “…Their bones were either deposited in pitches and ditches or scattered over the settlement area. Not surprisingly, traces of violence are over represented in these two last categories of burials”. Para Garcia Sanjuan 1993, apud Soares e Tavares da Silva, 1998, p.235: “The grave goods reveal indications of status differentiation related to age and gender…”. Entre os grave goods podemos encontrar as estelas do tipo alentejano (Soares e Tavares da Silva, 1998, p. 235). 


Figura 12 - Esqueleto encontrado em fosso de um povoado. Retirado de Mercer (2004).


    As sepulturas colectivas representam um local onde as inumações se sucederam ao longo do tempo, não existindo entre os indivíduos uma estrutura de isolamento, o que leva geralmente a uma mistura total dos ossos dos diferentes indivíduos. (Silva, 2004, p. 8), se este depósito se deu simultaneamente, em grande número, devido a uma epidemia ou massacre, estamos na presença de uma sepultura colectiva múltipla (Zammit, 1991 apud Silva, 2004, p. 8) ou vala comum. Harde (2000, p. 2) define enterramentos em massa como sepulturas com mais de quatro inumações. Bennike (2006, p. 305) frisa: “Mass graves or individual graves situated outside a cemetery may indicate a unusual preceding event”. Se numa vala comum tivermos sinais de violência pessoal, como traumas ou a presença de projécteis nas ossadas, então temos o indício mais forte e óbvio de guerra. Kunst (2000, p. 131) traz-nos três exemplos desta situação, na Pré-História da Península Ibérica: Hipogeo de Longar, La Atalayuela e San Juan Ante Portam Latinam. 


Figura 13 - Enterramento colectivo de Talheim. Retirado da Internet.


    A presença de armas associados ao indivíduo inumado, leva a que este seja considerado um guerreiro, a sua sepultura pode mesmo ocupar um lugar especial na necrópole, individualizado ou mesmo central. Segundo Osgood et al. (2000, p.70): “…we can obtain useful nuggets of information of information pertaining to warriors and conflict in the Bronze Age from the archaeology of the death. (…) the various weapons used in rituals for the dead. In the transition from the Neolithic to the Bronze Age, dramatic depositions are found, often portraying the dead as rich, powerful warriors”. Nas palavras de Harding (2003, p. 301): e para a Europa da Idade do Bronze “…la diferente riqueza de las tumbas com armas demuestram que los aspectos simbólicos estaban señalados…indudabelmente las armas fueron utilizadas tal como inconscientemente se entendieron”. Para Soares (2003, p. 216), em relação ao estudo dos hipogeus em Portugal: “No Calcolítico, surgem os primeiros indícios de segregação espacial intratumular. (…) A emergência de líderes, no Horizonte Campaniforme de Transição ou Bronze Antigo, encontra-se expressa de forma eloquente em alguns contextos funerários…”. Muitos dos artefactos que encontramos associados ao indivíduo inumado, nas sepulturas da Idade do Bronze, são claramente armas, temos então guerreiros e um papel para a coerção na sua sociedade. No entanto no Neolítico as armas eram o arco e a flecha, nos monumentos funerários desta época encontram-se muitos projécteis, alguns deles partidos. Palomo i Pérez e Gibaja Bao (2003, p. 179) levantam a hipótese para o hipogeo de la Costa de can Martorell: “…pel context funerari on van aparèixer les puntes, una inhumació múltiple d’uns 200 individus,…i pel gran índex de fractures documentades en les puntes,…deriva en el plantejament de la hipòtesi que una part de les puntes haguessin arribat a l’espai funerari clavades en els cadàvers.”. 

Figura 14 - Enterramento colectivo de soldados do Grande Exército de Napoleão. Retirado de Bahn (2002).


    Chapman et al. (1981, p. 14) trazem-nos a seguinte leitura: “The spatial patterning of graves within cemeteries within settlement landscapes forms an important dimension of these mortuary practices of any community. This patterning should be studied alongside the form of the interment, the treatment of the body, the nature and frequency of the grave gods and the demographic and biological attributes of the interred population in a multidimensional analysis.” A Paleodemografia revela-se fundamental na procura de indícios de violência interpessoal e guerra na Pré-História. Segundo Silva (2000), a Paleodemografia define-se como o estudo das alterações da estrutura e da dinâmica das populações do passado, a sua análise tem contribuído para compreender as condições de vida das populações do passado (Cucina et al., 2000), nomeadamente no reconhecimento da sua saúde, das práticas funerárias, da história e dos aspectos evolutivos da biodemografia humana (Meindl e Russel, 1998; Milner et. al., 2000). Ainda segundo esta autora a abordagem pode envolver: a mortalidade e fertilidade, o tamanho e a densidade populacional, o sex-ratio e a migração (Wittwer-Backofen, 1988). Nas palavras de Bishop e Knusel (2005, p. 202): “The analysis of demographic patterns aloes an insight into the ways in witch war as waged and the ways that it affected human populations”. Na procura de indícios de guerra nas populações pré-históricas pela Paleodemografia revelam-se mais importante a análise da mortalidade, no que diz respeito ao sex-ratio e aos escalões etários, as flutuações da população no geral e masculina em particular são muito relevantes, principalmente quando associadas a evidências de violência interpessoal (Silva, 2000). Segundo Bishop e Knusel (2005, p. 211) temos que ter em conta: “The majority of the prehistoric sites show that people who would be considered non-combatants by historical armed forces(women and children) might have been regularly killed in conflicts.”. Lessa (2004, p. 14-16) traz-nos um exemplo do cemitério pré-histórico de San Pedro de Atacama, este estudo permitiu identificar a existência de violência interpessoal, a partir de que momento e com que armas.


Figura 15 - Trauma em crâneo, Retirado da Internet.




Evidências de violência interpessoal ou guerra primitiva no registo arqueológico da Península Ibérica:

Arqueossítio, País e Período.
Descrição, minha interpretação e Fontes.

Sima de los Huesos, Espanha, Paleolítico Médio.
Vários crânios com várias fracturas curadas. Violência interpessoal ou guerra primitiva. Cervera et al. 1998, p.143 apud Thorpe, 2003, p. 151.




Moita do Sebastião, Portugal, Mesolítico.
Uma marca de projéctil nos ossos do pé Violência interpessoal. Lubell et al. 1989 apud Thorpe, 2003, p. 153.

Cabeço da Arruda I, Portugal, Neolítico.
Uma marca de impacto no crânio. Violência interpessoal. Lubell et al. 1989 apud Thorpe, 2003, p. 153.

Serra da Roupa, Portugal, Neolítico.
Duas fracturas no crânio por depressão, Violência interpessoal. Silva, 2000

Bóbila Madurell, Espanha, Neolítico.
Uma fossa com dois indivíduos do sexo masculino com os crânios esmagados. Uma ponta de seta cravada numa vértebra lombar. Violência interpessoal ou guerra primitiva. Osgood et al, 2000, p. 46. Campillo, Mercadal i Blanch, 1993 apud Guilaine e Zammit, 2002, p. 172.





Camí de Can Grau, Espanha, Neolítico.
Uma ponta de seta de sílex cravada no arco de uma vértebra. Violência interpessoal. Martí, Pou i Carlos, 1993 apud Guilaine e Zammit, 2002, p. 172.

Dólmen de Ansião, Portugal, Neolítico Final \ Calcolítico.
Uma lesão num fragmento de osso do frontal que aponta para uma perfuração por uma ponta de seta e cinco traumas em crânios por fractura. Violência interpessoal ou guerra primitiva. Silva, 2000.

Poço Velho, Portugal, Neolítico Final \ Calcolítico.
Uma lesão traumática incisa ao nível do exocrânio e diploe provocada por um objecto cortante. Três crânios com depressões. Violência interpessoal ou guerra primitiva. Antunes-Ferreira, 2005, p. 88.

Eira da Pedrinha, Portugal, Calcolítico.
Uma depressão na região média do lado esquerdo do osso frontal. Violência interpessoal. Mendes Correa e Teixeira, 1949 apud Silva, 2000.

Monte Canelas, Portugal, Calcolítico.
Duas fracturas cranianas por depressão e uma calote craniana com uma lesão oval no parietal direito. Violência interpessoal ou guerra primitiva. Silva, 2000.





São Pedro do Estoril, Portugal, Calcolítico.
Uma calote craniana masculina apresenta uma depressão no lado esquerdo do osso frontal. Violência interpessoal. Silva, 2000.

Leceia, Portugal
Calcolítico. Presença de restos osteológicos de indivíduos adultos do sexo masculino numa lixeira estruturada. Guerra primitiva. Cardoso, 1991, p. 80 e 81.

Dólmen de Clara, Espanha, Neolítico Final \ Calcolítico.
Quatro traumatismos cranianos. Violência interpessoal ou guerra primitiva. Mercadal e Agusti, 2006, p. 44

Cartuja de las Fuentes, Espanha, Neolítico Final \ Calcolítico.
Uma marca de ponta de seta nos restos osteológicos humanos. Violência interpessoal. Etxeberria i Vegas 1988ª, Campillo 1995 apud Osgood et al., 2000, p. 47.

Cueva de las Cáscaras, Espanha, Neolítico Final \ Calcolítico.
Um projéctil cravado num fémur. Violência interpessoal. Guilaine e Zammit, 2002, p. 172.

Venta del Griso, Espanha, Neolítico Final \ Calcolítico.
Várias marcas de projéctil nos restos osteológicos humanos. Violência interpessoal ou guerra primitiva. Etxeberria i Vegas 1988ª, Campillo 1995 apud Osgood et al., 2000, p. 47.

Cueva del Barranco de la Higuera, Espanha, Neolítico Final \ Calcolítico.
Uma lesão no crânio de um dos indivíduos causada por um objecto duro e angular. Violência interpessoal. Etxeberria i Vegas 1988ª, Campillo 1995 apud Osgood et al., 2000, p. 47

Hipogeu de Longar, Espanha, Calcolítico.
Sepultura colectiva de 112 indivíduos de diversas idades e sexos, não foram encontrados objectos de adorno pessoal, só artefactos em sílex, lascas e pontas de setas. Quatro casos de projécteis em sílex cravados nos restos osteológicos humanos, sendo de supor que outra peças pudessem estar associadas a feridas nas entranhas. Guerra primitiva. Armendáriz, Irigaray e Irigaray, 1995 apud Kunst, 2000, p. 131 e 132.






San Juan Ante Portem Latinam, Espanha, Calcolítico.
Restos osteológicos humanos de 289 indivíduos, nove feridas por flecha e quatro fracturas de Monteggia, possível inumação simultânea, lesões por detrás em indivíduos masculinos. Guerra primitiva. Vegas et al. 1999, apud Kunst, 2000, p. 132-133.




Valencina de la Concepción, Espanha, Calcolítico. Ossadas de dois indivíduos foram encontradas numa vala sem ritual funerário ou outro tratamento especial, faltando algumas partes anatómicas. Guerra primitiva. Etxeberria i Vegas, 1988a apud Osgood et al. 2000, p. 47.

La Atalayuela, Espanha, Calcolítico.
Depósito de indivíduos realizado num momento, pouca quantidade de artefactos associados a estes indivíduos. Uma ponta de seta cravada no crânio de um dos indivíduos. Guerra primitiva. Barandiarán, 1978, p. 417 apud Kunst, 2000, p. 131.

Grajal de Campos, Espanha,
Calcolítico. Duas pontas de seta (tipo Palmela) cravadas nos ossos do crânio. Violência interpessoal. Etxeberria i Vegas 1988a; Campillo 1995 apud Osgood et al. 2000, p. 47.

Cueva de las Cabras, Espanha, Calcolítico.
Várias marcas nos restos osteológicos humanos. Violência interpessoal ou guerra primitiva. Guilaine e Zammit, 2002, p. 172.

El Puig, Espanha, Calcolítico.
Um crânio de um indivíduo que sofreu uma fractura em curva. Violência interpessoal. Osgood et al. 2000, p. 47.

Carrelasvegas, Espanha, Calcolítico.
Um indivíduo atirado para uma vala, sem um pé, sem deuses funerários. Violência interpessoal. Osgood et al. 2000, p. 48.

Los Llometes, Espanha, Calcolítico.
Várias marcas de lesões nos restos osteológicos humanos. Violência interpessoal ou guerra primitiva. Guilaine e Zammit, 2002, p. 173.

Cerro de la Encina, Espanha, Calcolítico.
Um indivíduo com fracturas nos ossos nasais, outro com fracturas nas costelas e um terceiro com um elevado número de outras lesões. Violência interpessoal ou guerra primitiva. Osgood et al. 2000, p. 48.

Cerro de la Cabeza, Espanha, Calcolítico.
Uma fossa com onze indivíduos, estes apresentam patologias traumáticas. Túmulo com seis indivíduos com diversos projécteis cravados nos ossos. Guerra primitiva Mercadal e Agusti, 2006, p. 44-45.

Aitzibita, Espanha, Calcolítico \ Idade do Bronze.
Uma lesão no crânio de um indivíduo provocada por espada ou machado. Violência interpessoal. Beguiristain Gurpide, 1997, p. 323-325.





Dólmen de Collet Su, Espanha, Calcolítico \ Idade do Bronze.
Uma ponta de seta de metal cravada nos restos osteológicos humanos. Violência interpessoal. Campillo 1995 apud Osgood et al., 2000, p. 47.

Cova de L´Heure de L’Arboli, Espanha, Calcolítico \ Idade do Bronze.
Uma ponta de seta em bronze cravada no maxilar. Violência interpessoal. Guilaine e Zammit, 2002, p. 173.

Cerro de Cuchillo, Espanha, Idade do Bronze.
Varões jovens monopolizam as sepulturas debaixo das habitações. Guerra primitiva. Martínez Peñarroya, 2000, p. 157.

Cerro de la Encantada, Espanha, Idade do Bronze.
Fossas reaproveitadas como sepulturas e inumações de indivíduos acéfalos. Guerra primitiva. Martínez Peñarroya, 2000, p. 157.

Balma de Sargantana, Espanha, Idade do Bronze.
Grande percentagem de patologias traumáticas. Guerra primitiva. Mercadal e Agusti, 2006, p. 44.

Caramoro, Espanha, Idade do Bronze.
Um trauma no crânio de um dos indivíduos provocado por uma espada. Violência interpessoal. Martínez Peñarroya, 2000, p. 157.





Factoria Euskalduna, Espanha, Idade do Bronze.
Fossas reaproveitadas como sepulturas e inumações de indivíduos acéfalos. Guerra primitiva. Martínez Peñarroya, 2000, p. 157.

Roc d’Orenetes, Espanha, Idade do Bronze.
Fractura em bisel num individuo. Violência interpessoal. Mercadal e Agusti 2006, p. 44.


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