Chaminés com Simbolos de Protecção: do Alentejo ao Algarve - Folk Religion




Indice
1 - O Estudo
2 - Chaminés Alentejanas
3 - Chaminés Algarvias
Bibiografia

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1 - O Estudo


   A chaminé é o centro da casa alentejana e onde se reúne a família à volta do fogo. É na chaminé que se fumam os enchidos e realizam inúmeras tarefas do dia-a-dia. Por vezes encontramos  casas modestas com enormes chaminés. A casa como que "nasce" em volta da chaminé. Quando os montes são abandonados a chaminé é a última a cair. Quando se construía uma casa de raiz era hábito o empreiteiro perguntar ao cliente "quantos dias de chaminé quer?". Perguntando qual seria o investimento a fazer na parte mais importante da casa. Mas a chaminé apresenta um grave problema. À noite podemos fechar a porta, podemos fechar as janelas mas não podemos fechar a chaminé. E são vários os males que podem entrar durante a noite: bruxas, mau-olhado, inveja e claro temos que ter muito cuidado com a luz da Lua Cheia. A Lua sempre foi muito importante para as sociedades agrárias, por vezes ligada à fertilidade, mas a Lua Cheia pode ser perigosa. Já fui chamado à atenção, por um familiar, por estar com a bebé à janela sob a luz da Lua Cheia.  Deixo as palavras de Moisés Espirito Santo (2004) acerca da Lua: 
   "Para os Lusitanos, a Lua foi potência divina. Há trinta ou cinquenta anos, o povo português ainda rezava à Lua. Uma boa parte do culto de Maria procede do culto da Lua, como a Senhora da Conceição e o da Senhora dos Prazeres que são os mais antigos."
   A Lua era vista como a Criadora das coisas e responsável pela fecundidade humana, vegetal e animal, passando depois a ser percebida como uma potência devoradora e nefasta....." (p. 178)
   Aqui no nosso Concelho do Alandroal, a Festa dos Prazeres tem uma força enorme. Num Concelho, bastante à esquerda politicamente, é muito interessante como uma Festa de cariz católico tem tanta força. É interessante e bem bonito. Na nossa Freguesia de Santiago Maior temos mesmo uma "Rocha Histórica" conhecida pela Pedra de Aluá (da Lua?). Esta pedra apresenta um circulo em relevo e parece que havia o costume de ir para lá fazer barulho em noites de Lua Cheia. Deixemos a Lua e vamos lá ver das Chaminés.
   Podem encontrar o primeiro estudo sobre símbolos apotropaicos nas chaminés de escuta alentejanas AQUI. Começámos com perto de cem Chaminés e já vamos nas duzentas. A maior parte ficam no Distrito de Évora com alguns passeios por Olivença e Portalegre. Esta amostra tem a ver com a parte económica. O financiamento do projecto é nosso e a gasolina está cara. Os números que vamos apresentar são referentes a 140 Chaminés.

    

Figura 50
   Na Figura 50 apresentamos as datas que ainda é possível ler em 30% das chaminés. A data mais antiga é de 1698, são 322 anos de antiguidade. A mais recente de 1987 e com simbolos apotropaicos. Algumas chaminés não apresentam data mas sabemos que foram pintadas, ou repintadas, recentemente com símbolos apotropaicos. O que quer dizer que a tradição ainda está viva, excelente. Infelizmente na maior parte dos casos já foram pintadas de branco escondendo os símbolos. Ainda conseguimos, nos dias em que a luz ajuda, ver os relevos. Como podem ver a maior parte das datas que encontramos são do século XIX. São 50% do total e 30% na segunda metade do século. Porquê? Estamos abertos a sugestões.




Figura 51
  Na Figura 51 temos os vários símbolos que surgem nas nossas chaminés. Neste quadro estão incluídas as chaminés do primeiro trabalho. O símbolo mais frequente é a Cruz Latina, quando esta surge associada a outros símbolos ocupa sempre o espaço central. A Roseta Hexapétala também surge muito seguida do Lauburo. Na figura 51 e na coluna do lado esquerdo podem ver as associações que mais ocorrem e o número de vezes em que surgem. Fora desta coluna estão os totais de Cruciformes, Hexapétalas e Lauburus. Quando associados a outros símbolos as Hexapétalas, Lauburus e Espirais podem surgir em pares. A Hexapétala surge várias vezes de lado na chaminé de uma forma que podemos dizer mais "discreta". O Lauburu também surge de lado mas em menor número de chaminés. A Hexapétala quando associada à cruz surge por vezes na forma de Semente da Vida. 
   Cerca de 90% das chaminés são de "Escuta" portanto a grande maioria. Em 67% das chaminés surge a Cruz Latina (42% do Calvário), sozinha em 43% e associada a outros símbolos em 24% das chaminés. A Cruz aparece associada, a Rosetas Hexapétalas e Lauburus em 3 chaminés, só ao Lauburu (sempre dois) em 4 chaminés, só à Hexapétala em 16 chaminés. Estas associações entre a Cruz, Lauburus e Hexapétalas representam 16% das chaminés. A Roseta Hexapétala é o simbolo que surge mais depois da Cruz. Encontramos Hexapétalas em 25% das chaminés.


Figura  52 - Apresentamos um de muitos estudos possíveis sobre os símbolos que encontramos nas chaminés. Como estes se transformam e se completam por vezes numa geometria bastante interessante. Isto pode-nos dizer algo sobre a sua origem e relações.
   No topo temos o Quadrifólio, a Roseta Quadripétala, a Cruz Aguçada, o Quadrado e o Círculo (melhor dito seria circunferência). Observamos como estes símbolos se juntam e, no canto inferior esquerdo, dão origem a uma elaborada forma que protege uma chaminé de Évoramonte (Estremoz). 
    No meio da Figura 52 encontramos a geometria por detrás da Cruz Ponteaguda e da Roseta Quadripétala. Esta formas estão muito perto na sua construção. Em (1) temos a geometria da Quadripétala traçada na parede de um Templo.
      A Quadripétala que também pode ser uma Cruz de Santo André esta, por vezes, forma em negativo uma Cruz Patada. Em (2) surge numa Estela, ou Marco de propriedade, no Museu de Odrinhas. 
     O Quadrifólio pode ser formado por quatro Crescentes. Por cá foi-se desvanecendo com a associação do Crescente ao Islamismo. Em (3) vemos nitidamente os Quatro Crescentes numa estela funerária medieval em Monsaraz. A outra face desta estela apresenta uma Cruz Florenciada. Esta estela foi reutilizada e passou a marcar a fronteira entre duas das  Freguesias de Monsaraz (Santa Maria e Santiago), Freguesias que já não existem. 



Figura 53 - São vários os caminhos que pretendemos seguir na continuação do estudo das chaminés. Um deles será a sua forma que pode também esconder alguma simbologia como vemos nas primeiras duas chaminés. A segunda apresenta também um sÍmbolo de lado e um galo no topo. Nas restantes chaminés encontramos zoomorfos e recipientes em cerâmica no chapéu. Estes podem assumir a função de "espanta bruxas". No caso dos recipientes pode ser o inverso. Podem servir de apoio às senhoras para que estas não se chateiem com os que lá vivem. Isto acontece com as pedras salientes que encontramos nas chaminés do Reino Unido. Estas tinham a função de  proteger o telhado da água. Na tradição popular serviam também para as bruxas poderem descansar nas suas viagens.
Figura 54 - À esquerda temos  formas que aparecem nos "espantabruxas" dos Pirinéus segundo o projecto "Cima Norte" que acrescenta:
   "Los espantabruxas, también llamados espantabrujas o capiscol, son una serie de remates o símbolos que se colocan sobre las chemineas. Tradicionalmente, se construían y tallaban en tosca, un tipo de roca muy ligera y porosa. Además, es común que posean algún orificio que silba con el paso del viento.
   
A lo largo del Pirineo podemos encontrar distintas denominaciones y variedades de espantabruxas. Sin embargo, en los valles pirenaicos predominan tres tipos de tallas: cónicas, antropomorfas (de apariencia humana) y cruciformes. Además también de los característicos cántaros o vasijas de barro que recogen el agua y su poder purificador."
   Parece que lá para o Norte também se colocam recipientes de barro no topo da chaminés. Muito interessante.
    Na imagem do centro temos uma figura humana que estaria numa a chaminé desempenhado a função de "espantabruxas (retirada de Navarro Lopez 2018, p121). Este autor diz-nos acerca dos "espantabruxas":
   "Remate que se colocaba en las chimeneas y que la tradición oral asegura que servía para evitar la entrada de brujas y malos espírituspor el único sitio que no se puede cerrar durante la noche......Sirven como cierre del tejado y elemento susutentante del tejadillo de losas que cubrela chimenea y evita que entre agua de lluvia.".
    Na foto da direita temos as "Witches Stones" (pedras das bruxas) descritas como pedras para as bruxas descansarem nas suas viagens.
 

Figura 55 - Damos agora um salto até às lareiras das chaminés. Nestas encontramos uma interessante construção protegendo a parede do calor.  Feita de ladrilhos esta protecção tem por vezes uma forma antropomórfica. Nas primeiras duas fotos destaca-se o Losango que faz a "cabeça" podendo ser um símbolo apotropaico por si próprio. Na terceira foto, à direita, observamos uma elaborada figura antropomórfica. Na emblemática obras de Veiga de Oliveira e Galhano (1992, p. 153) encontramos a seguinte descrição:
   "Em todas as chaminés que o fogo arde à vista, para que o calor não deteriore as paredes, de materiais pouco resistentes, existe uma laje de espessura média, de tijolo, ardósia, granito ou calcário, que faz o papel de isolador; a essa peça, que pela sua função se aproxima da "borralheira" nortenha, dão-se os nomes de "trafogueiro", "boneca"e ainda, mais raramente, "sempre-noiva". Essas "bonecas" são por vezes de contornos simplesmente geométricos; outras. porém, são antropomórficas e sugerem a  sua filiação nas divindades - Lares - dos Romanos que presidiam à vida familiar".
   Outros nomes para este elemento da lareira são: "frade", "fradinho" e "bruxinha". Podemos estar perante mais uma protecção contra as forças do mal. Contra o fogo protege de certeza. Observamos que muitos destes elementos que compõe a chaminé têm uma função prática. Ganham depois uma função religiosa por vezes apotropaica. 


2 - Chaminés Alentejanas


Figura 56 - Chaminés na nossa Aldeia da Venda (Alandroal). A primeira apresenta um Cruciforme frontal ladeado por Rosetas Hexapétalas dentro de "Vasos". Estes "Vasos" podem ser também um símbolo que ainda não estudámos. Na segunda  temos um Cruciforme frontal  ladeado por Hexapétas na forma de Semente da Vida e com data de 1902. A terceira , à direita em cima, apresenta uma Hexapétala lateral. Na quarta temos um Lauburo lateral. Na maior parte dos casos as figuras laterais são de menores dimensões e estão dentro de um círculo. Um "reforço" do efeito apotropaico? Uma "fronteira mágica" em redor do símbolo? Infelizmente uma das chaminés já foi caiada de branco e as outras estão em mau estado. 

Figura 57 - Chaminés na Aldeia de Cabeça de Carneiro (Alandroal). Na primeira podemos ver uma espectacular Roseta Hexapétala. A Hexapétala está na frente da chaminé apresentando um bonito azul.  É excelente o facto de a Hexapétala ter sido pintada, ou repintada, recentemente. Bem hajam e que a Hexapétala cumpra o seu trabalho de protecção. A segunda apresenta um Cruciforme na parte de trás da chaminé. A parte que se vê da estrada, muito interessante. A terceira chaminé, à direita, fica na Aldeia das Hortinhas (Alandroal). Nesta temos um Cruciforme em relevo que já foi caiado de branco.  Ao seu lado está outra chaminé em que os (mesmos) proprietários mantiveram os símbolos apotropaicos. Muito bem, podem encontrar essa chaminé no primeiro trabalho.

Figura 58 - Chaminés na Aldeia de Casas Novas dos Mares (Alandroal). Esta Aldeia apresenta um povoamento disperso sendo a segunda chaminé algo afastada do centro. Na primeira chaminé encontramos um Cruciforme rodeado por Rosetas Hexapétalas. Estas protegem todo o perímetro da Chaminé, infelizmente foi caiada de branco. A segunda chaminé, à direita, é das poucas chaminés cilíndricas com símbolos de protecção. Nesta encontramos um espectacular e colorido Cruciforme infelizmente  a data não permite a leitura. Imaginem a beleza das casas alentejanas. Lavadas de branco, barras coloridas, telhados vermelhos, chaminés com belos  e coloridos símbolos apotropaicos. 

Figura 59 - Chaminés na Aldeia dos Marmelos (Alandroal). A primeira com Cruciforme frontal e a data incompleta. A segunda com uma Roseta Hexapétala lateral. Ambas muito desvanecidas. A terceira, do lado direito, apresenta um bem conservado Cruciforme, em relevo, a azul, frontal e com a data de 1811. Parabéns à família pelos mais de dois séculos de conservação.

Figura 60 - Duas chaminés nas redondezas da Vila de Alandroal. A primeira com uma Roseta Hexapétala frontal  e associada a uma "caixa" que teria alguma informação (data?). A "caixa" pode também esconder um símbolo que ainda não conhecemos. A segunda, à direita, com um espectacular, e bem visível, Cruciforme frontal.

Figura 61 - Chaminés na Freguesia de Santo António de Capelins (Alandroal). As duas primeiras são descobertas e fotos do Manuel Correia a quem agradecemos. A primeira apresenta a única Cruz Aguçada que encontrámos até agora numa chaminé. Este tipo de cruz surge nos grafitos de região. Na Aldeia das Hortinhas encontramos uma  Cruz Aguçada protegendo um forno. Na Igreja de S. Pedro de Terena também temos algumas nos bancos. Esta Cruz Aguçada é muito interessante e pode ter alguma ligação com o Octagrama.  Na segunda chaminé temos um bem conservado Cruciforme frontal. A terceira, à direita, encontra-se na Aldeia de Montejuntos e é recente de 1985. No entanto apresenta uma pequena Roseta Hexapétala. Todas estas chaminés apresentam formas que apontam para construções recentes. 

Figura 62 - Chaminés na Freguesia de Ciladas ou S. Romão (Vila Viçosa). Na primeira encontramos uma Roseta Hexapétala de lado que vai desaparecendo. Esta chaminé encontra-se numa casa mesmo ao lado da abandonada Igreja de Santa Maria de Ciladas.  Na segunda chaminé temos um Pentagrama frontal numa chaminé na Aldeia de Bencatel. Este foi pintado, ou repintado, recentemente num bonito azul. Muito interessante a "força" que este símbolo ainda tem. Os Pentagramas são sempre de pequenas dimensões e costumam ter a sua protecção "reforçada" com outros pequenos Pentagramas. Podemos vê-los em volta do Pentagrama central e nos cantos da chaminé. Ao todo são nove pequenos Pentagramas. Encontramos outra chaminé na Vila de Ouguela (Campo Maior). Nesta chaminé também  um Pentagrama frontal  maior rodeado por seis mais pequenos. Muito interessante.
Figura 63 - Vamos agora visitar o Concelho de Reguengos de Monsaraz. A primeira chaminé localiza-se na Aldeia do Campinho. Apresenta um Cruciforme frontal ladeado por Rosetas Hexapétalas na forma de Semente de Vida. Todo o conjunto é bastante colorido e bem bonito, bem hajam pela conservação. A segunda chaminé, à direita, está na Aldeia da Cumeada e apresenta um Cruciforme frontal. 

Figura 64 - Chaminés na Aldeia de S. Marcos do Campo (Reguengos de Monsaraz). A primeira, com a data de 1897, apresenta oito Rosetas Hexapétala. Estas rodeiam toda a chaminé, está muito bem protegida.  A segunda chaminé, à direita, apresenta um Cruciforme ladeado por Rosetas Hexapétalas com a data de 1729. Dentro do Cruciforme encontramos outra Cruz feita de pequenos quadrados. Este tipo de Cruzes surge muito nas rendas alentejanas. Nas "pedras" do Calvário temos também um Triângulo com um T e estamos abertos a interpretações. O "estilo" de toda esta composição faz-nos lembrar duas chaminés de Valongo que foram apresentadas no primeiro trabalho (ver Figura 65 abaixo).
Figura 65 - Chaminés perto da antiga Igreja e Escola Primária de Valongo (Évora).  A data de uma delas é de 1741, a outra também será da mesma década. Datas muito próximas da data da chaminé de S Marcos (Figura  64 acima). Apesar da parte superior de ambas ter sido destruída ainda conseguimos ver os Crescentes ladeando o Cruciforme central. Numa delas interpretamos as restantes figuras como Rodas Solares (?) que complementam os Crescentes.  Todo o conjunto encontra-se envolvido num círculo que o reforça. Encontramos semelhanças de "estilo" entre estas chaminés e a de S. Marcos no Cruciforme e nos algarismos da data. Todas estas chaminés apresentam um elaborado estilo e riqueza simbólica. Começamos então a "ver" diferentes estilos relacionadas com a época ou o construtor.



Figura 66 - Chaminés na espectacular Vila de Monsaraz (Reguengos de Monsaraz). Na primeira vemos um Cruciforme que vai desaparecendo com o tempo. Na segunda, à direita,  encontramos uma elaborada decoração que serve também de protecção na forma de duas espirais duplas.


Figura 67 - Apresentamos mais duas chaminés do Concelho de Reguengos de Monsaraz. A primeira perto da Aldeia de S. Pedro do Corval. Uma Aldeia que devia de ser Vila e esconde muitos segredos. Esta chaminé apresenta duas Rosetas Hexapétalas nos lados, de pequenas dimensões e dentro de círculos. A segunda fica na Aldeia de Motrinos e nela encontramos um Cruciforme frontal já caiado. É muito interessante como a posição da luz solar nos permite novas descobertas. Esta Aldeia é a recordista de chaminés com símbolos apotropaicos. (ver Figura 68 abaixo).


Figura 68 - As chaminés que vemos nesta figura já foram apresentadas no trabalho anterior. A Aldeia de Motrinos merece destaque pois apresenta um recorde de oito chaminés decoradas com símbolos apotropaicos. Nesta Aldeia temos também a chaminé com a data mais antiga de 1698. Esta chaminé tem 322 anos,  é obra.  Ainda  nos Motrinos encontramos também as chaminés mais bem conservadas no que toca aos símbolos. Parabéns e que este Património continue a ser um motivo de orgulho para os seus habitantes.  

Figura 69 - Vamos para Sul. A primeira chaminé fica na Vila de Mourão e é muito rica no seu simbolismo. Apresenta um Cruciforme central ladeado por quatro Rosetas Hexapétalas dentro de Círculos e de diferentes formas. A Cruz está também ladeada por quatro Espirais Duplas.  Na base do Cruciforme, que é uma Cruz do Calvário, temos "ossos". Ossos que encontramos em vários Cruzeiros e Passos do Senhor. A data  de 1747 reforça a ideia da riqueza simbólica das chaminés neste século. A segunda chaminé fica na Aldeia de Safara  (Moura). Uma chaminé de 1866, de data e forma mais recentes onde encontramos pequenas Hexapétalas. Na parte superior outro símbolo com sete "braços" em forma de Estrela ou Sol já caiado de branco.

Figura 70 - Chaminés na Vila de Redondo. Três delas com cruciformes centrais e uma apresentando a data de 1723. A primeira chaminé, à esquerda, apresenta uma Roseta Quadripétala numa moldura. 


Figura 71 - Chaminés agora no Concelho de Redondo.  A primeira chaminé é muito interessante pois apresenta um Cruciforme frontal dentro de um Losango. O Losango como vamos ver está por todo o lado no Alentejo. A segunda apresenta também um Cruciforme frontal. A terceira chaminé, à direita, fica nos arrabaldes da Vila, na antiga Gafaria, e apresenta um Cruciforme frontal. Infelizmente todos este símbolos já foram caiados de branco.


Figura  72 - Chaminés no Concelho de Estremoz. A primeira já foi caiada de branco e apresenta um Cruciforme frontal. Na segunda, à esquerda,  visitamos a Vila de Évoramonte. Na parte "nova" da Vila, antes de subirmos, encontramos uma bela chaminé. Nesta temos um interessante conjunto de simbolos: a Roseta Quadripétala, a Cruz Ponteaguda, o Circulo e o Quadrado. Falámos na Figura 52 destes símbolos. Esta bonita composição ocupa dois lados da chaminé.



Figura 73 - Chaminés dos Mártires nos arrabaldes da Cidade de Estremoz. Ambas apresentam Espirais Duplas em relevo e no topo. Uma com a Roseta Hexapétala em relevo e outra com o Losango com um ponto central. Este exemplo reforça a ideia do Losango como símbolo apotropaico. 

Figura 74 - As primeiras duas chaminés localizam-se no Concelho de Évora. A primeira mesmo ao lado da abandonada Ermida de S. Vicente de Valongo. Esta apresenta um cruciforme frontal em mau estado. A segunda chaminé fica na Vila da Azaruja. Apresenta um Cruciforme frontal ladeado por dois Lauburus. Estes foram ligeiramente alterados pelas repintagens. A terceira chaminé apresenta uma Cruz Ponteaguda envolvida por quatro outras. Semelhante ao que vimos na Figura 62 em relação ao Pentagrama. Esta chaminé fica na Aldeia de Santa Sofia (Montemor-o-Novo). Estes dois últimos exemplos estão em excelentes condições, parabéns aos proprietários. A quarta chaminé, à direita,  fica na Vila de Arraiolos. Apresenta uma Cruz latina associada ao Sagrado Coração em posição frontal com a data de 1987. A data é provavelmente do restauro em curso. Por vezes a data que vemos é a data da última repintagem. As chaminés e a composição podem ser bem mais antigas. 


Figura 75 - Chaminés na Aldeia da Igrejinha (Évora).  Os símbolos localizam-se todos na frente das chaminés. Na primeira encontramos uma bonita estrela feita da união de uma Cruz Ponteaguda e uma Roseta Quadripétala. Nas pontas desta estrela encontramos "Flores" que são também são um símbolo . Na segunda observamos uma Cruz  Ponteaguda em relevo com as iniciais do proprietário. A terceira, à direita, apresenta dois círculos concêntricos, entre eles temos pequenas espirais e flores. Este é mais um símbolo composto que surge por exemplo no Disco de Ouro de Bensafrim (Lagos) da Pré-História. Nas palavras de Mário Varela Gomes (2010):     "Os cinco pendentes, em forma de dupla espiral e que constituem os motivos com maiores dimensões e melhor visíveis da decoração do "disco" de Bensafrim, correspondem a elementos apotropaicos e propiciatórios, igualmente ligados a fecundidade e bem conhecidos na Europa pre-histórica, através de representações em estátuas menires do Sul da França (Arnal e Menager, 1973), da Suiça (Petit-Chasseur, Sion) e do Norte de Italia (Val Camonica) ou de artefactos, produzidos em cobre ou bronze, mas também registados no Próximo Oriente." (p. 122). Muito interessante esta continuidade.



Figura  76 - Continuamos na Igrejinha e na primeira chaminé encontramos um Cruciforme frontal. Na segunda chaminé encontramos um Quadrifólio frontal com a data 1877. A moldura desta chaminé apresenta um serpenteado com espirais e flores. Na terceira chaminé, à direita, encontramos um Quadrifólio frontal com uma Roseta Quadripétala e a data de  1897. O Quadrifólio como já vimos pode ser uma representação de quatro crescentes. A Quadripétala quando está dentro de um quadrado "desenha", por vezes, em negativo, uma Cruz Patada.

Figura 77 - Chaminés na Cidade de Évora com os símbolos na parte da frente. As duas primeiras apresentam o conjunto Cruciforme - Âncora - Coração. A Cruz Latina representando a fé católica. O Sagrado Coração representa o coração de Jesus. Quanto à Âncora é mais complicado. Este símbolo já foi o "Ankh" egípcio em cima de um crescente. Já foi a Cruz Latina em cima de um Crescente. É muito confundido um barco no mundo dos grafitos. Sendo o casco, o crescente, o mastro e as velas, a cruz. Agora é mais um símbolo do Cristianismo.  Na segunda chaminé temos também espirais duplas protegendo a sua base. Na fotos podemos ver ainda uma pinha.  A terceira chaminé, à direita, apresenta um cruciforme protegido por várias espirais. Todas as chaminés estão bem conservadas, excelente. 



Figura 78 - Chaminés com  Quadrifólios que pensamos ser um símbolo apotropaico. O Quadrifólio serve também de moldura para a data ou surge associado a outros símbolos. Com o cruzamento de informação vamos "vendo" outros símbolos aumentando assim o nosso "portfolio". A primeira chaminé localiza-se na Cidade de Évora. A segunda nos arredores tem uma data infelizmente muito danificada. Nesta última o símbolo está na lateral em todas as outras os símbolos são frontais. A terceira e quarta chaminés, à direita, localizam-se em Vila Fernando no Concelho de Elvas. 


Figura 79 - As primeiras duas chaminés ficam em Vaiamonte (Monforte). A primeira apresenta um Cruciforme frontal rodeado de Rosetas Hexapétalas dentro de Círculos. Esta chaminé foi reconstruída cortando a composição. Na segunda chaminé temos um Lauburu lateral já alterado pelas repintagens. A terceira chaminé fica na Vila de Cabeço de Vide  (Fronteira). Esta chaminé apresenta um Cruciforme frontal rodeado de Rosetas Hexapétalas. Infelizmente temos mais uma chaminé em mau estado. 

Figura 80 - Esta chaminé fica em Vaiamonte (Monforte) e merece destaque. Além de ser enorme apresenta uma "cena" muito interessante. Encontramos um Cruciforme frontal ladeado por cinco Rosetas Hexapétalas, dentro de círculos e de várias dimensões. Apresenta a data de 1747 que já vimos ser um século com um "estilo" muito interessante. O Cruciforme é uma Cruz do Calvário. Estas Cruzes são por vezes representadas em cima do que parecem ser "pedras". Numa destas pedras encontramos uma cara que parece em sofrimento. É dificil de ver uma vez que a chaminé já foi caiada. Abaixo dos nosso símbolos apotropaicos encontramos uma frase que não conseguimos ler. Provavelmente uma "reza" ou uma explicação para a composição da chaminé. É importante de frisar é que os "Emojis" foram inventados no século XVIII e no Alentejo.  


Figura 81 - Nesta Figura apresentamos chaminés que não fazem parte do estudo mas merecem alguma atenção. Durante algum tempo consideramos o Losango como apenas uma "moldura" para o enquadramento de datas e iniciais. Percebemos agora que é também um símbolo apotropaico. Podemos encontrá-lo  associado ao Cruciforme e a Espirais nas Figuras 71 e 73. Encontramos muitos paralelos que ligam este símbolo aos Berberes do Norte de África, principalmente na tapeçaria. É certo que o Losango faz parte da Arquitectura portuguesa onde o encontramos muito representado em templos. No Alentejo e Algarve está por todo o lado, nas platibandas, nas fachadas, nos "alisares", as molduras de portas e janelas.  Na Figura acima e na primeira chaminé encontramos vários Losangos na moldura em azul. Na segunda chaminé  o Losango protege o chapéu da chaminé. Aqui pode até funcionar como um "espanta bruxas" de que já falámos. Na terceira chaminé, à direita, encontramos um Losango simples em azul.


Figura 82 - Nesta figura temos o nosso Losango protegendo a data e as iniciais do proprietário. Na primeira chaminé o Losango tem outros pequenos Losangos nas pontas, reforçando  sua "força". Já vimos o mesmo na Figura 62 em relação ao Pentagrama. Na segunda chaminé encontramos pequenas "flores" nas pontas do Losango. Estas são um símbolo muito frequente que por vezes passa despercebido. Na terceira e quarta chaminés encontramos Losangos em todos os lados das chaminés. Chaminés bem protegidas e Losangos com clara função apotropaica. Na quarta chaminé, à direita, além da chaminé a platibanda também apresenta Losangos.


Figura 83 - Vamos observar outras figuras geométricas nas chaminés alentejanas. Na primeira encontramos a data de 1869 e uma forma que em muito se assemelha ao Rub el Hizb. Este surge muito associado ao Octagrama na Arte Islâmica. Na segunda chaminé encontramos uma interessante composição geométrica com pendões e Triângulos. Na terceira encontramos o Triângulo que nos surge em vários suportes e muitas vezes invertido. Na quarta chaminé, à direita, um Triângulo invertido que faz lembrar uma figura antropomórfica. A ver se num futuro próximo conseguimos enquadrar melhor este geométricos.




Figura 84 - Estas quatro chaminés apresentam algo em comum. Todas têm um desenho diferente mas este tem sempre um pequeno "pé". Podemos associar estas formas a um "Cálice"? Vamos lá procurar mais paralelos para confirmar esta hipótese. 



Figura 85 - Aqui apresentamos duas chaminés com formas a que chamamos "Leques". As outras duas apresentam molduras mais ou menos "rectangulares". Estas chaminés são um exemplo de molduras que podem também ser símbolos. Como vimos no caso do Quadrifólio ou do Losango. Ainda as vamos considerando como molduras para enquadrar informação, datas e inicias. Mas com o cruzamento da informação podemos via a mudar de opinião. Este não é um trabalho "fechado". É um trabalho em constante mutação graças à Internet e à colaboração de centenas de amigos também investigadores.


Figura 86 - Apresentamos algumas chaminés ricamente decoradas. As Artes decorativas só recentemente deixaram de ser reflexo de superstição. Pelos tempos as artes decorativas encerraram um mundo de cenas e símbolos religiosos. Esta simbologia tem várias funções: decorar, ensinar, proteger, pedir algo aos deuses, etc. As chaminés desta figura, além de bonitas, escondem Espirais, Flores, Cruzes e  algo mais que ainda não conseguimos "ver".

Figura 87 - Mais algumas formas de protecção nas chaminés do Alentejo. Na primeira uma "Caraça" em relevo. Na segunda um pequeno painel de azulejos com a representação de um Santo. Na terceira, à direita, o escudo da Nação Portuguesa. Aqui pode não ter um papel apotropaico mas inspira respeito. 



Figura 88 - Chaminés que são também painéis publicitários. Publicitam o local da travessia dos Rios de Barca. À esquerda vemos uma Chaminé na Aldeia dos Cerros (Reguengos de Monsaraz). Está perto do Rio Degebe e apresenta um barco associado a um Crescente e com a data de 1913. À direita temos uma chaminé na Ajuda (Elvas). Mesmo à frente do Rio Guadiana tem um barco pintado com duas datas de 1876 e 1997. A segunda data refere-se à última repintagem  


Figura 89 - Deixamos mais três chaminés usadas como painéis publicitários. Quem descobre o que publicitam? A primeira é fácil.



Figura  90 - Daqui para a frente todas as figuras apresentam chaminés "roubadas" da Internet. Obrigado a todos. 
  Gostávamos de alargar o âmbito geográfico do nosso estudo. Até agora temos chaminés dos Distritos de Évora, Portalegre e da Cidade Franca de Olivença. Queremos continuar o nosso estudo para Este pela espectacular província espanhola da Extremadura. Para Oeste pelo Distrito de Setúbal em direcção ao mar. Para Sul pelo Distrito de Beja e para o Reino dos Algarves. 
   Na figura acima a primeira chaminé localiza-se na Aldeia de Santa Susana (Alcácer do Sal). Esta é o único exemplar que encontrámos com um Octagrama. Este está numa posição lateral e associado à data de 1897. A Aldeia de Santa Susana apresenta muitos símbolos na suas tradicionais casas. As restantes chaminés são da Aldeia de Táliga (obrigado Emilia Albuquerque) e  de Olivença (obrigado amigos de Olivenza). Todas com Cruciformes.   

Figura 91 - Temos mesmo que investigar as chaminés de Olivenza pois estão repletas de símbolos apotropaicos. Cruciformes, Rosetas Hexapetalas, Espirais, Flores, etc. Fotos de Carlos Vasquez a quem agradecemos. 


3 - Chaminés Algarvias

Figura 92 - Damos um salto ao Algarve onde as chaminés têm uma forma completamente diferente das alentejanas. Todas as chaminés aqui apresentadas foram retiradas do Grupo no Facebook "Chaminés Algarvias - Uma espécie em vias de extinção". Este grupo é dinamizado pelo Abel M. J. Silva a quem dou os parabéns e que continue a sua luta. Obrigado a todos que partilham as suas fotos e que tentámos identificar. As chaminés algarvias são riquíssimas em símbolos apotropaicos e decorações várias. Cerca 30% dos milhares de chaminés do grupo apresentam alguma simbologia (média feita a 500 chaminés). Nesta primeira figura apresentamos os cruciformes que são raros no contexto algarvio. No Alentejo os cruciformes estão em quase 70% das chaminés com símbolos apotropaicos. No Algarve são muito raros devendo rondar os 5%. Destes uma boa parte está em chaminés que me parecem muito recentes. Não podemos esquecer que o Algarve sofreu muito com o terramoto de 1755. A primeira chaminé apresenta a data de 1883 e uma Cruz Patriarcal. Esta chaminé é das poucas onde encontramos o Cruciforme no "corpo" ou "saia". A segunda chaminé apresenta Cruzes de Santo André na ventilação, no "rendilhado" feito de ladrilhos. Muitos dos símbolos apotropaicos encontram-se precisamente neste rendilhado. Na terceira chaminé encontramos Cruzes Ponteagudas dentro de Circulos, reforçando a sua "força". A quarta chaminé apresenta Cruzes Aguçadas e a quinta, à direita, Cruzes da Ordem de Cristo. Estas últimas chaminés perecem-me mais recentes. Observando com mais calma os milhares de chaminés do Grupo decerto que surgirão mais Cruciformes nos rendilhados. Também é muito interessante a variedade de tipos de Cruciformes. Ainda há pouco "descobrimos" mais uma Cruz de Jerusalém.

Figura 93 - Aqui apresentamos algumas das chaminés com as datas mais antigas do Algarve. Em Porches encontramos a data de 1793 (2ª e 3ª fotos) e em Alte a data de 1832  (4ª foto). Todas datas posteriores ao tremor de terra de 1755.  A 5ª foto é uma réplica desta chaminé de Alte, boa escolha. Podemos estar perante a forma "típica" das chaminés algarvias (?) Ou pode ser um tipo de chaminé regional? Muito interessante..
   Em relação aos símbolos apotropaicos na primeira chaminé temos o famoso "Leão de Porches". O Leão é usado enquanto símbolo há milénios, o Leão de Judah por exemplo. Representava a antiga Pérsia, associado ao Sol, onde ganhou uma coroa. O nosso Leão de Porches tem algo na cabeça que pode ser uma coroa. Muitos dos símbolos que encontramos nas chaminés são precisamente solares. A sua função apotropaica é mais necessária durante a noite. Quando os demónios e bruxas andam à espreita. No rendilhado da chaminé encontramos os Losangos que são um "olho" contra o mal. Muito usados na cultura Berbere. Podemos encontra o Losango um pouco por todo o lado mas no Alentejo e Algarve este símbolo é Rei.
   A segunda chaminé (2ª e 3ª fotos) é a mais rica em simbologia. A própria forma faz lembra os templos do sudoeste asiático. O "chapéu" ou  "cúpula" de chaminé encontra-se protegido por cinco pinhas. Este símbolo está relacionadas com as Cinco Chagas de Cristo. Como elemento central temos duas espectaculares Rodas Solares, símbolo que nos chega da Índia e representa a "ordem", em relação ao movimento regular do Universo. Interessante que este símbolo, também solar, surja por vezes associado a Leões. Associada a uma das Rodas Solares temos um Antropomorfo, uma figura humana. Esta figura será alguém que controla a roda, a ordem ou a lei? Não sabemos se existem estudos sobre esta casa no século XVIII. Temos que pesquisar. Não podemos deixar de mencionar Santa Catarina  e o seu Martírio na Roda. Os Santos "escondem" muitos símbolos antigos. Nesta chaminé ainda encontramos duas Rosetas Hexapétalas pintadas de lado. Um símbolo que representa o Sol. Temos então uma chaminé com um grau de protecção bastante elevado. Está protegida por cima e por todos os lados. Será muito difícil o mau olhado entrar por aqui. 

   Na terceira chaminé (4ªfoto) encontramos muitas semelhanças com a anterior. O corpo é constituído por "patamares". Os simbolos são as Rosetas Hexapétalas e as Rodas Solares. Mais simples mas igualmente espectacular. A quarta chaminé (5ªfoto) é uma réplica desta. 
   A quinta chaminé (6ªfoto) apresenta uma Roda Solar pintada na "saia".


Figura  94 - Na primeira foto temos mais uma espectacular chaminé em Porches. Esta apresenta Lauburos em todos os lados da "saia". Lauburu que quer dizer em Basco "as quatro cabeças". O Lauburu é uma forma de suástica que representa o movimento do universo. A suástica na Índia é um símbolo de boa sorte pintado por todo o lado, na cabeça das crianças e dos.... animais. Nas chaminés pensamos que tenha o papel apotropaico, para afastar o mal. Afastar o mal ou trazer a sorte são duas funções que se complementam e acabam por ser a mesma. Uma chaminé muito bem protegida por quatro Lauburos e quatro Rosetas Hexapétalas no "rendilhado". 
   A segunda chaminé apresenta vários Círculos concêntricos. Provavelmente outra forma de representar o Sol. Chamamos a este símbolo Disco Solar. Surge muito protegendo portas ou envolvendo outros símbolos. No rendilhado temos um "zig zag" de Losangos. Este surge nas mantas alentejanas e faz parte do mundo do Norte de África. A cúpula está protegida por Rosetas Hexapétalas. A Hexapétala e o Losango são os símbolos apotropaicos que mais surgem nas chaminés algarvias. No "pináculo" temos o nosso galo, animal que anuncia o dia e logo associado ao Sol. Imortalizado por Barcelos e a famosa lenda tornou-se um símbolo de Portugal (como a sardinha). 
   A terceira chaminé apresenta também o Disco Solar de que já falámos. 

  Na quarta chaminé encontramos várias Rosetas Hexapétalas e pequenos Hexagramas  no "rendilhado". Este símbolo  na Idade Média era usado por todas as religiões do livro e surge muito decorando templos e na forma de talismãs. No fim do seculo XIX foi usado pelos Zionistas na bandeira de Israel e passou a ser um símbolo Judeu. Na chaminé tem a função de símbolo apotropaico e não me parece que esteja ligado a Judeus. Até porque encontramos mais chaminés com esta forma o que nos leva a pensar  ser um modelo produzido de forma industrial. 

   A quinta chaminé, à direita,  apresenta a data de 1955. Está protegida por Hexapétalas em todos os lados do "corpo" e no "rendilhado" por Cruzes Florenciadas (?). Foram acrescentados uns pequenos ferros horizontais, provavelmente contra a passarada,  que dificultam a visualização.




Figura  95 - Nas chaminés algarvias encontramos muitas "Estrelas". Estas estrelas estão ligadas às Deusas da Lua e  aos Deuses que trazem a madrugada: Vénus, Isis, Ishtar.....O Pentagrama é o simbolo apotropaico que encontramos com mais frequência no Alentejo e nos mais variados suportes. Está por todo o lado escondido à vista de todos. Leite de Vasconcelos dedicou-lhe o seu trabalho "Signum Salomonis" onde descreve centenas. Signum Salomonis é latim para Selo de Salomão e na lingua popular passou a Sino Saimão. No entanto nas Chaminés alentejanas o Pentagrama é raro.
   Encontramos um colorido Pentagrama na "saia" da primeira chaminé. Na segunda chaminé o Pentagrama está no "rendilhado", dentro de um Pentafólio e de um Losango. Na terceira chaminé encontramos vários Pentagramas associados a Triângulos Duplos, um símbolo do tempo (Ampulheta?). Estes Triângulos Duplos são um símbolo que ainda não conhecemos bem. É muito frequente nos mosaicos romanos. A quarta chaminé apresenta um Pentagrama dentro de um Losango. Alguns dos Pentagramas estão "invertidos" não vemos nisso nenhuma informação, Nenhum culto a Lucifér no entanto o anjo caído também trazia a Luz da manhã.....
    Na quinta e sexta chaminés encontramos o Octagrama que também pode ser um cruciforme. Este Octagrama surge muito protegendo talhas e em várias formas de tapeçaria. O Octagrama surge associado a um Círculo e pequenas Flores. Esta Flores podem ter inspiração na Flor de Lotus que representa o renascimento anual. Na sexta chaminé, à direita, o Octagrama está enquadrado pelo Rub el Hizb. Estes dois símbolos formam padrões muito usados na Arte Islâmica e encontramos muitos por cá nos azulejos. De notar que esta última chaminé parece ser mais recente.Do Hexagrama já falámos na Figura 94 acima.  
 


Figura  96 - As chaminés algarvias "escondem" nos seus "rendilhados" vários símbolos apotropaicos. Na primeira chaminé encontramos o Losango Cruzado. Este surge em tapeçarias representadas nas iluminuras do manuscrito "As Cantigas de Maria" de Afonso X (século XIII). Este símbolo fomos encontrá-lo também no Santuário dos Castelinhos (Alandroal). Aqui faz parte da roupa de um antropomorfo que compõe uma "cena" que ainda não decifrámos. 
   A segunda chaminé apresenta no "rendilhado" um motivo em "espiga" que surge nas mantas alentejanas e no mundo berbere do Norte de África. A terceira chaminé apresenta uma composição de Losangos simplesmente espectacular. A quarta chaminé, com a data de 1902, tem uma forma completamente diferente mas está repleta de Losangos.  Muda a forma mas continuam os símbolos. Um aspecto muito importante dos símbolos apotropaico é precisamente a continuidade de milénios.  Na quinta chaminé temos várias Rosetas Quadripétalas que por vezes escondem Cruciformes. Surgem mais símbolos nas chaminés algarvias que terão de ficar para uma próxima oportunidade: o Triângulo, o Quadrifólio, outros Cruciformes....um mundo.



Obrigado, a equipa






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2 comentários:

  1. Parabéns , extraordinário.
    Muito bem feito. Excelente trabalho de campo e investigativo, abrindo conhecimentos num campo desconhecido.
    Quem fez este trabalho merece ser louvado. Pessoas como você, são as pessoas verdadeiramente culturais e que trabalham em prol
    da cultura deste território de língua portuguesa.
    Não tenho palavras, para expressar a alegria e valor destes textos.
    Parabéns. Muito bom.
    A.

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