Moinhos: perdidos no tempo - Heritage Red List

  



    Os Moinhos que encontramos nos cursos de água alentejanos foram de importância vital para as populações. Representam métodos de produção mas acima de tudo a relação do Homem com a água. Foi ao longo de rios e ribeiras que as sociedades humanas evoluíram. Todos nós sentimos muito bem na beira de um qualquer riacho. Os Moinhos fazem parte de uma rede feita de caminhos ancestrais, de pontes várias vezes reconstruidas, de templos de várias religiões. Vários pontos de interesse esquecidos e agora envoltos numa espectacular Natureza. É nossa obrigação não deixar desaparecer da memória os nossos Moinhos. Devemos isso às gerações futuras. Os Moinhos podem e devem ser uma mais valia para o Turismo alentejano. 
    O objectivo primeiro deste Post é identificar e localizar os Moinhos. Deixamos um link para um mapinha com mais de 40 Moinhos da nossa região. Estes encontram-se principalmente em três núcleos. O núcleo da Ribeira de Lucefécit no Concelho de Alandroal. O núcleo do Rio Guadiana no Concelho de Elvas. O núcleo do Rio Degebe e afluentes no Concelho de Évora. Já visitámos estes três núcleos em mais de 30 passeios com centenas de amigos. É este o segundo objectivo deste Post. VISITEM OS MOINHOS. Não os deixem desaparecer da memória. Passamos a  apresentar as fotos dos Moinhos e de vários pontos de interesse nas suas imediações. Para complementar este registo fotográfico deixamos um artigo do especialista Luis Silva. 



Figura 1 - Alguns dos momentos registados nos nossos passeios em que criámos memórias bem bonitas. 




Figura 2 - Os três núcleos de moinhos.








Moinhos da Ribeira de Lucefécit 


Figura 3 - Começamos a Jusante. Moinho de NS das Neves infelizmente só é visível em alturas de seca. A seta amarela marca o caminho talhado no afloramento xistoso. 


Figura 4 - Muito perto do Moinho temos a recentemente restaurada Ermida-Qubba de NS das Neves. Esta tem uma necrópole medieval em seu redor.  Está localizada num caminho ancestral que é também um percurso pedestre no Alandroal. O nº6 que dá pelo nome de "Segredos de Ferreira".




Figura 5 - Moinho da Volta perto da espectacular Vila de Terena. Nesta Vila podem visitar a Vila Velha, o Castelo medieval e o Santuário da Boa Nova. Este é um dos 3 moinhos que foram recuperados em 44 identificados neste trabalho.  Parabéns a quem o recuperou. Na planta podemos ver o Moinho da Volta (1), a bonita Ponte Velha de Terena (2) e a desaparecida Ermida de S. Gens (3). Os Moinhos enquanto parte de um conjunto.



Figura 6 - O Moinho dos Três Aferidos mesmo ao lado do paredão da Barragem da Ribeira de Lucefécit.




Figura 7 - Com a construção da Albufeira da Barragem de Lucefécit pelo menos 6 moinhos foram destruídos. Nas imagens temos o que sobra do Moinho do Lagar. Nos moinhos também se produzia Azeite. 



Figura 8 - O Moinho das Louras também foi destruído, aqui ainda podemos identificar a Casa do Moleiro. 



Figura 9 - O Moinho da Parreira apesar de destruído ainda apresenta a base. Ainda conseguimos ver parte do Açude em aparelho gravitacional. Placas de xisto que se travam umas às outras com o próprio peso. 



Figura 10 - O Açude do Moinho da Parreira em tempos de seca.



Figura 11 - O espectacular Moinho do Setil. O nome refere-se a uma moeda da Idade Média. Os moinhos podem ter largas centenas de anos. Alguns deles foram construídos na Idade Média ou antes. Sendo sucessivamente reconstruidos até aos nossos dias. Por vezes o seu abandono deve-se a serem considerados como estruturas recentes.  



Figura 12 - No Moinho do Setil existia uma Barca para passar a Ribeira. Muito perto temos uma Fortificação da Idade do Ferro e um santuário do mesmo período que teve continuidade até muito recentemente. Podem ver na planta o Moinho (1), o seu Açude (2), um Muro Apiário (4), o Castelo Velho (3) e a direcção do Santuário de S. Miguel da Mota (5). Quem sabe se este Moinho não foi construído na Idade do Ferro para dar serventia ao Castelo Velho. 



Figura 13 - O espectacular Açude do Moinho do Setil em aparelho gravitacional de xisto com pouca e nenhuma água.



Figura 14 - O Moinho do Lucas e a Casa do Moleiro. 



Figura 15 - Elementos do Moinho do Lucas. 



Figura 16 - Fotos a partir do caminho dos acarretadores que dava serventia ao Moinho do Lucas. Este Moinho localiza-se numa pequena Península rodeada por afloramentos xistosos. Um sitio bem bonito. Na foto da direita a equipa observa as vistas. 


Figura 17 - O Açude e a Levada do Moinho do Lucas. Na planta temos em (1) o caminho dos acarretadores, em (2) o Açude, em (3) a Levada, em (4) o Moinho e em (5) a Casa do Moleiro.



Figura 18 - Circulos que protegem a porta da Casa do Moleiro da entrada do mal. 



Figura 19 - Moinho do Cotovelo.



Figura 20 - Aspectos do Moinho do Cotovelo. A Luna inspeccionando o estado das mós. 



Figura 21 - Moinho do Zorro.



Figura 22 - Pormenores do Moinho do Zorro onde podemos ver parte da Levada. 



Figura 23 - Graffiti no Moinho da Zorra. Assinaturas e Contagens.



Figura 24 - Moinho da Fonte dos Ouros. Este Moinho moeu azeitona até muito recentemente. Da Fonte nada sabemos e dos Ouros muito menos. 



Figura 25 - Açude e Levada do Moinho da Fonte dos Ouros.



Figura 26 - Na planta podemos ver o Açude em (5), a Levada em (4), o Moinho e Casa do Moleiro em (2). Em (1) temos a medieval Ponte da Fonte dos Ouros. Uma das pontes mais antigas de que temos conhecimento na região.



Figura 27 - Moinho da Rocha da Mina. Este Moinho está muito destruído mas apresenta vários e interessantes métodos de construção. 



Figura 28 - Açude do Moinho da Rocha da Mina com e sem água. Açude em xisto e de aparelho gravitacional.



Figura 29 - Plantas com a leitura do sistema do Moinho da Rocha da Mina. Toda a Península está rodeada de Caminhos e Levadas. Alguma destas são subterrâneas.Não se esqueçam de visitar o Santuário Proto-Histórico e a Escavação Arqueológica. Mais um Moinho de grande antiguidade. 



Figura 30 - Alguns pormenores do Moinho da Rocha da Mina. Dos métodos de construção destacamos a Taipa.



Figura 31 - Caminhos de acarretadores para o Moinho da Rocha da Mina. Grandes trabalhos em xisto por vezes com Km. 



Figura 32 - Moinho da Fonte Santa. Um dos Moinhos  reconstruidos que é hoje um alojamento turístico. Parabéns. Na Planta temos em (1) o Moinho, em (2) as passadeiras e em (3) o caminho para a Ermida da Fonte Santa.



Figura 33 - Muito perto do Moinho temos a Albergaria, Ermida e Fonte Santa. Infelizmente este complexo de apoio aos viajantes encontra-se abandonado. Podem aceder a mais informação sobre este Património no seguinte LINK.



Figura 34 - Moinho do Calafate I. Em mau estado.



Figura 35 - Moinho do Calafate II. Já perto da Nacional nº 373 que liga o Redondo e o Alandroal.



Figura 36 - Casa do Moleiro do Moinho do Calafate II. Ainda conseguimos distinguir a base do forno.



Moinhos do Rio Guadiana



Figura 37 - Com a construção da Barragem de Alqueva muitos Moinhos ficaram debaixo de água ou foram destruídos. É o caso do Moinho do Monte Branco. Em tempos de seca lá consegue dar um ar da sua graça. Este é o sobrevivente mais a Jusante da Albufeira da Barragem de Alqueva.  Na planta podem ver a localização do Moinho em (2). Em (1) temos as espectaculares Fortificações de Juromenha que merecem uma visita. Em (3) temos a direcção do recente cais de Vila Real. Neste mesmo sitio existia uma travessia de Barca. 



Figura 38 - Na planta temos os Moinhos de S Rafael em (2 e 3) e o Moinho de Encomienda em (1). Na direcção de (4) encontramos vários pontos de interesse que descrevemos abaixo.  As fotos dizem respeito ao Moinho de Encomienda que fica em território da cidade Franca de Olivença. Na última foto a Luna guarda com afinco o Graffiti de um tabuleiro do Jogo do Alquerque. 



Figura 39 - Podemos observar o Moinho de Encomienda com diferentes níveis de água da Albufeira. 



Figura 40 - Os destruídos Moinhos de S Rafael I e II em ano de seca.



Figura 41 - Ponte que dava acesso a um dos Moinhos de S Rafael.



Figura 42 - Os Moinhos de S Rafael fazem parte de um conjunto Patrimonial. Na direcção (4) acima. Deste conjunto fazem parte a Ermida-Qubba de S Rafael, uma necrópole medieval e alguns monumentos megaliticos. Podem encontrar mais informação no seguinte LINK.



Figura 43 - Na planta temos mais pontos de interesse a montante na direcção da Ajuda. Em (1) encontramos a Arte Rupestre do Guadiana. Em (2) a Ermida-Qubba de NS da Ajuda. Em (2) a espectacular Ponte da Ajuda. Em (4) o Forte Abaluartado do Bragança. Apresentamos uma foto e alguns desenhos da Arte Rupestre do Guadiana com 5000 anos. 


Figura 44 - Da esquerda para a direita temos então a Ponte da Ajuda com a Ermida ao fundo. Na segunda foto podemos observar  a Qubba de construção islâmica assimilada pela Ermida cristã. Nas últimas fotos temos o Forte do Bragança numa planta antiga e no Google Maps. 



Figura 45 - Mais algumas imagens da Ponte da Ajuda destruída por uma explosão causada pelo exército português em fuga. Má hora. 


Figura 46 - Planta e fotos do Moinho da Safra. Podemos observar este Moinho com a albufeira cheia e em ano de seca. Muitos destes Moinhos do Guadiana ficavam por vezes imersos em anos de grandes chuvadas. Na imagem da direita podemos ver os Açudes que neste caso funcionam como Levadas canalizando água para o Moinho. Por aqui também estariam as Canadas para apanhar o peixe. A pesca e os Moinhos sempre estiveram relacionados.

 

Figura 47 - Interior do moinho da safra onde vemos uma espectacular mó francesa e vários Alquerques. Estes podem desempenhar a função de jogos de tabuleiro ou símbolos apotropaicos protegendo os pares de mós.


Figura 48 - Moinho duplo do Bagagem com e sem água.


Figura 49 - Da esquerda para a direita. Estrutura de apoio ao Moinho do Bagagem da qual desconhecemos a função. Postal com o Moinho, mó francesa e interior do Moinho.


Figura 50 - Na planta podemos observar o Moinho do Porto da Venda em (1) e o Moinho de Malpica II em (2). Estes dois Moinhos eram ligados por uma Barca. 

Figura 51 - Pormenores do caminho para o Moinho do porto da Venda. 


Figura 52 - Moinho de Malpica II.


Figura 53 - Tabuleiros de Jogo do Alquerque e Relógios de Sol gravados no Moinho de Malpica II. A Luna investiga o interior de Moinho.


Figura 54 - Moinho do Freixial. 


Figura 55 - Alguns dos muitos pontos de interesse no conjunto dos Moinhos da Ajuda: 1 - Chaminé "publicitária" anuncia a passagem de Barca, 2 - Monumento funerário da Cultura do Megalitismo, 3 - Posto da Guarda Fiscal, 4 - Venda ou entreposto comercial, 5 - Moinho da Safra, 6 - Moinho do Bagagem, 7 - Moinho do Porto da Venda, 8 - Moinho da Malpica II. No casario de (1 a 4) localizavam-se também as Casas dos Moleiros. 


Figura 56 - Da esquerda para a direita vemos os Moinhos da Malpica I e da Cascalheira. O primeiro muito destruído. O segundo ainda não tivemos oportunidade de visitar. Fica a referência e a localização no mapa. 



Moinhos do Rio Degebe e Afluentes



Figura 57 - Moinho do Balancho e Casa do Moleiro na Ribeira de Vasco. 


Figura 58 - Chaminé com símbolos de protecção no Balancho.


Figura 59 - Moinho da Rama na Ribeira de Vasco.


Figura 60 - Na planta do lado direito temos as Casas do Moleiro em (1). O Moinho da Rama em (2). Em (3) vemos a direcção da Ponte dos caminhos de ferro. Da esquerda para a direita temos as Casas do Moleiro e a Ponte. Reparem no pequeno altar na primeira foto. 


Figura 61 - Graffitos no Moinho da Rama. Datas dos séculos XVIII - XIX, contagens e um cruciforme.


Figura 62 - Moinho da Azenha da Rocha já na Ribeira da Pardiela. Na planta do lado esquerdo temos: 1 -  Casa do Moleiro, 2 - Moinho, 3 - Azenha,  4 - Levada, 5 - Açude. Fotos do Moinho exterior e interior. 


Figura 63 - Diferentes ângulos do Moinho da Azenha da Rocha. 


Figura 64 - Moinho do Alcaide já no Rio Degebe. Um dos poucos Moinhos recuperados. Muitos parabéns.


Figura 65 - Moinho da Pareira I.


Figura 66 - Graffitos do Moinho da Parreira I. Contagens, data do século XIX, motivos florais e uma mensagem muito importante. 


Figura 67 - Moinho da Ponte. 


Figura 68 - Moinho do Barão em (2). A Levada em (1) começa no inicio do afloramento rochoso. Uma interessante obra de engenharia. 


Figura 69 - Moinho de Entre-Águas. 


Figura 70 - Moinho dos Pisões de Cima na Ribeira da Azambuja. Nos Pisões batiam-se os panos usando a força da água. 


Figura 71 - Dois Moinhos que ainda não visitámos mas fica a referência e localização no mapa. Moinho do Funchal na Ribeira da Aldeia e Moinho da Parreira II no Rio Degebe.



Outros Moinhos aqui e ali


Figura 72 - Moinho da Brioa I na Ribeira da Asseca (Concelho de Vila Viçosa).


Figura 73 - O Moinho da Brioa II tem uma impressionante localização no afloramento rochoso cortado pela Ribeira da Asseca. Este Moinho pode estar relacionado com a mineração do afloramento rochoso. 

Figura 74 - Na planta temos em (1) o Moinho da Brioa II. Em (2) vemos o Moinho da Brioa I. Em (3) uma impressionante ponte em xisto e que também deve estar relacionada com a indústria da mineração. Esta Ponte apresenta  um cotovelo de acesso de modo a diminuir o ângulo de inclinação do caminho. Muito interessante. 


Figura 75 - Moinho do Azevel no Concelho de Alandroal.

Figura 76 - Na planta temos em (1) o Moinho do Azevel. Em (2) apresentamos a direcção de uma pequena Choça e uma espectacular cascata. 


Figura 77 - Moinho da rocha do Demo na Ribeira da Pêga (Concelho de Reguengos de Monsaraz). Muito destruído e enfiado no afloramento escavado pela ribeira.


Figura 78 - Moinho do Cubo na Ribeira de Pardais (Concelho de Alandroal).


Figura 79 - Dois Moinhos que já visitámos mas não encontramos no nosso pequeno arquivo de 100 000 fotos. Moinho da Ribeira das Vinhas no Concelho de Mourão. Moinho da Ribeira do Álamo no Concelho de Reguengos de Monsaraz. Quando encontrar as fotos coloco aqui. Acho que é melhor ir lá outra vez lol. 


Obrigado





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