Expressões da Religião Popular - Folk Religion





Indice

1 - Nós Eternos
2 - Quadrados Mágicos
3 - Losango 
4 - Portais e Placas Profilácticas.
5 - Pregados na Porta
6 - Siglas e Acrónimos
7 - Zoomórficos
8 - Petrosomatoglifos
Bibliografia

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1 - Nós Eternos


   Os Nós fazem parte da História do Homem. Todos conhecemos a História do Nó Górdio e a "delicada" solução de Alexandre. Leite de Vasconcelos refere o "Nodus Herculaneus" dos Gregos e Romanos, um Nó mágico conhecido por Nó de Salomão na crença Judaico-Cristã (Vasconcelos 1918, p. 266). No Norte da Europa este símbolo ganha vários nomes sendo muito frequente na Heráldica. Em Portugal foi mesmo adoptado pela Casa de Bragança. Acerca da função dos Nós mágicos deixamos as palavras de Leite de Vasconcelos (1918): 
   "Os nós mágicos têm fundamentalmente por fim prender os espíritos, ou os bons ou os maus. Assim como o Diabo leva consigo as almas perdidas, assim se supõe que tem em seu poder qualquer cousa que se perde, e por isso prendem-no para evitarem que ele faça maior mal." (p. 267). 


Figura  200 - Em (3) encontramos a forma mais simples do Nó de Salomão (I) numa coluna a guardar a porta do Convento do Carmo em Lisboa. Em (4) guarda a porta do Convento de Mafra. Não me parece que estas duas situações sejam Marcas de Canteiro pois têm localizações muito especificas e não se repetem em outras pedras. Em (2) temos uma forma de Nó  que surge em  "Cornas" alentejanas (Vasconcelos 1918, p. 265).  Em (1) encontramos a mesma forma numa chaminé da Aldeia da Vendinha (Évora, ver também Figura 201 abaixo).  Nesta chaminé de 1815 o Nó aparece associado à Cruz, a Hexapétalas e a Espirais Duplas. Pensamos que as formas que surgem em (1 e 2) são o símbolo Rub el Hiz em forma de Nó. Em (5) temos um espectacular mosaico na Vila Romana de Odrinhas. Em (B) vemos o nosso Nó de Salomão (I). Em (A) temos o Nó de Salomão (II) na sua forma mais conhecida. Em (6 e 7) podemos ver como este último Nó "esconde" uma Suástica. Uma relação interessante entre estes dois símbolos. 

Figura 201


   Nas palavras de Fernado Coimbra e frisando o papel apotropaico do Nó de Salomão: 
   "The representation of this symbol, either in rock art or on stones for including in houses from the Hillfort’s Culture, had certainly an apotropaic value, which seems to persist during the Middle Ages in the Eastern Pyrenees, both in rock art (Abelanet, 1990) and scratched on the walls of some churches (Coimbra, Tosana, 2010)" (Coimbra 2015, p. 83). 
   O mesmo autor acerca dos Nós que "escondem" Suásticas: 
   "No caso das swastikas do Alto Minho castrejas elas deveriam ter um valor apotropaico, tal como os trísceles e tetrásceles que surgem em pedras semelhantes. Corno diz V. Risco, «pode que estes signos dos nosos castros e citanias pretendesem asegurar, como o nó de Gordio, algunha potência divina, persoal ou impersoal, co-a qual o que os contemplaba creia pôrse en comunicación» (RISCO, 1959: 488). Para alguns, este tipo de símbolo não é uma swastika. Nós pensamos que é..... " (Coimbra 1996, p. 370). 

   Os Nós de Salomão são Nós Eternos. As suas linhas  não têm fim, não conseguimos encontrar a ponta.  Para Matthew Champion (2015) as "forças do mal" seguem as  linhas sem fim dos Nós ficando presas para eternidade. Este autor dá o exemplo do Pentagrama que serve para afastar o mal ou para o encerrar nas suas linhas eternas (p. 51).  Na maneira como podemos traçar o Pentagrama, sem levantar o bico do lápis, também encontramos um Nó Eterno. Além do Pentagrama e do Rub el Hizb vários outros símbolos surgem na forma de Nós. 


Figura 202 - Em (1) apresentamos um grafito de um Pentagrama prendendo um demónio. O demónio parece chateado. Este Grafito está na parede de templo do Reino Unido e a imagem foi retirada do Blogue: Demon traps -  spiritual landmines and the writing on the wall - The Project Director's blog for the Norfolk Medieval Graffiti Survey. Os Nós Eternos formam por vezes "entrelaçados".  Estes são muito frequentes nos mosaicos romanos ou nos azulejos hispano-árabes. Em (2 e 3) temos azulejos hispano-árabes na exposição do Castelo de S. Jorge em Lisboa. Em (2) vemos um "entrelaçado" que forma uma Suástica e um Octagrama. Em (3) o "entrelaçado" forma mais um tipo de Nó de Salomão (III). Em (4) vemos os espectaculares e coloridos  mosaicos romanos da Vila do Rabaçal. (desenhos retirados da Visita Virtual - Villa Romana do Rabaçal no YouTube). Em (4), à esquerda, temos "entrelaçados" que formam Suásticas. À direita encontramos outra vez o Rub el Hizb em forma de Nó Eterno. Encontramos vários outros símbolos nestes mosaicos. Destacamos o Losango Horizontal envolto em mais um "entrelaçado". Os mosaicos romanos formam  espectaculares "redes" de símbolos apotropaicos.


Figura 203 - As "redes" apotropaicas surgem sob diferentes formas. Nas ombreiras das portas, nas soleiras e no interior de alguns edifícios temos vindo a encontrar vários reticulados. Grafitos de riscos simples horizontais, verticais e diagonais que se cruzam.  Em (1) temos um exemplo destes reticulados. Estes formam autênticas "redes" que teriam provavelmente a função de "apanhar" ou "bloquear" o mal. Estas "redes" são por vezes confundidas com tabuleiros de jogo. Em (2) temos uma Flor da Vida, feita de Rosetas Hexapétalas, na porta da Sé de Évora. Esta bela composição desempenha provavelmente o mesmo  papel de "rede" apotropaica. Em (6) vemos as complexas decorações islâmicas que estão repletas de símbolos apotropaicos. Esta formam complexas  "redes" apotropaicas. 

   Acerca da decoração geométrica islâmica encontramos as seguintes hipóteses em Torres  (2007):
   "Um tal fascínio dos artistas muçulmanos pela decoração geométrica intriga os historiadores da Arte, que avançaram várias hipóteses. Para alguns, terá sido o peso do tabu religioso sobre a representação figurativa....Para outro, a importância conferida pelos muçulmanos ao estudo da matemática e da ciência dos números.....Para os partidários da influência do pensamento religioso e místico sobre a mentalidade dos artistas,  os traçados, nas suas formas infinitas, reflectiriam o fundamento da crença na indivisibilidade de Deus. E para os adeptos do simbolismo e esoterismo, cada figura geométrica representaria um símbolo - os artesão, agrupados em confrarias de iniciados, conservariam o hermetismo dos códigos e o significado dos símbolos" (p.146-148).
   Às hipóteses acima descritas acrescentamos a função apotropaica destas "redes" geométricas.



Figura 204 - Em (1) vemos mais um tipo de Nó de Salomão (IV) associado a uma Roseta Hexapétala. Leite de Vasconcelos (1918)  descreve-o:
   "...vê-se desenhado em paredes de casas e igrejas, em bancos, etc, e é usado na costa ligurica, principalmente entre marítimos que, além do nome de Nodo di Salomone, lhe dão o de Gruppo di Salomone...Emblema de rocas artisticas que os namorados oferecem na Umbria (Itália) às suas namoradas, emblema que se chama nodo di salomone" (p265)
   Em (2) temos Rub el Hizb enquanto Nó, grafitado numa Igreja espanhola e associado ao Pentagrama (foto de Koldo Gares Izarbe a quem agradecemos). Interessantes associações de símbolos apotropaicos. As restantes fotos foram retiradas da Internet e apresentam o Nó de Salomão de tipo  (I). Em (3) temos o Nó de Salomão como símbolo de protecção em moldes para queijo na Finlândia. Em (4) surge numa estela medieval da Suécia. Em (5) está num elemento decorativo dos Nativo-Americanos do Mississipi. Em (6) parece que a Apple decidiu proteger os teclados dos seus computadores com o Nó de Salomão. 


2 - Quadrados Mágicos


  Os Quadrados Mágicos são símbolos religiosos. A sua forma leva a que sejam confundidos com tabuleiros de jogo. Os Quadrados Mágicos variam em tamanho e apresentam diferente número de quadrados. Os mais pequenos têm o tamanho de três por três quadrados de lado fazendo um total de nove quadrados. Podem ter algarismos ou letras e por vezes são só uma fórmula sem quadrados.  São também um quebra-cabeças que chegou até nós na forma de "Quadrados Latinos" ou na forma do famoso "Sudoku". É muito interessante a relação entre magia e ciência. A origem "mágica" das matemáticas e da geometria que está sempre presente nos nossos símbolos apotropaicos. 


Figura 205 - Em (1) temos uma porta de Castelo de Vide protegida por um Quadrado Mágico. Foto gentilmente enviada por Jesus Corrales a quem agradecemos. Em (2) vemos uma das fórmulas mágicas que protege uma porta em Vila Viçosa. Não sei se esta esconde uma data mas encontramos mais destas "fórmulas" por Vila Viçosa. Em (3) temos um Quadrado Mágico protegendo a entrada da Igreja Matriz de Alcanede (Santarém). Aqui está associado a outros símbolos raros como um Portal protegido por um Octagrama de que falaremos mais à frente. A descoberta e a foto são do Vítor Rafael Sousa a quem agradecemos mais uma partilha.

   
Figura 206 - Em (1) vemos um Quadrado Mágico num anel Berbere que é um Amuleto. Em (2) temos vários Quadrados numa representação do Navagraha Hindu. Os nove corpos celestiais ou entidades do Universo. Aqui também temos o Crescente e o Octagrama. A Associação de símbolos religiosos é uma constante. Em (3) temos mais um Quadrado Mágico numa porta. Este é o mais conhecido de todos e dá pelo nome de "Sator".


Figura 207 - Vamos então apresentar o "Sator" que é um Quadrado Mágico e um Palíndromo. Num Palíndromo encontramos palavras ou frases que podem ser lidas nos dois sentidos. É um quebra-cabeças mas também tem funções religiosas. Nas palavras de Leite de Vasconcelos (1918):
   "A importância mágica da fórmula provêm-lhe da aludida particularidade da leitura, pois que por qualquer lado que se comece, se lê sempre alguma das cinco palavras que a constituem, o que aos olhos dos crédulos se afigurou como cousa misteriosa e cabalística." (p. 322). 
    Em (1) temos uma foto retirada de Fernandes  (2013). Esta representa um fragmento dum Palíndromo com a fórmula "Sator". Este fragmento foi encontrado nas escavações de Conimbriga.  Nas palavras dos escavadores: 
   "...la formule avait seduit, com à aquicum, quelque briquetier qui rêvait, peut-être dún talismanlui garantissant la perfection et, d'une certain façon lui promettant la réussite dans la vie et la bonheur (Ètienne,Fabre, Lévêque, 1976, II, p.170)." ( p71).
      Em (2) temos uma descoberta de Leite de Vasconcelos (1918, p321). Uma medalha em prata com o emblema da Inquisição do século XV ou XVI. Nesta encontramos mais um fórmula "Sator". O autor descreve que esta fórmula é eficaz em várias situações: Contra acção das bruxas, quando recitada à direita e às avessa.  Contras as dores de dentes quando proferida cinco vezes. Contra ladrões, pronunciada e escrita. Contra influências diabólicas, trazida num papel. Ufa Ufa O mesmo autor acrescenta uma associação desta fórmula: 
   "Num papel, proveniente de Morrach (Grã-Ducado de Baden), espécie de nómina, em que se lê um ensalmo contra maus espíritos, figuram três pentagramas debaixo da célebres letras mágicas que transcrevo ao lado, e ao pé de várias iniciais.". 
    Em (3) podemos ver a palavra central "tenet". Esta lê-se da mesma forma em todas as direcções e forma uma Cruz.  Em (4) encontramos uma das várias interpretações para o texto em latim que as letras da fórmula "escondem".

3 - O Losango


   O Losango surge muito como elemento decorativo na arquitectura portuguesa e principalmente em templos.  No Alentejo, terra de forte identidade cultural, podemos encontrá-lo por todo o lado. Encontramos o Losango em platibandas, alisares, chaminés, fachadas, portas, janelas e portões. Concluímos que o Losango funciona na casa alentejana com mais um símbolo apotropaico. Um símbolo que surge em cerâmicas desde a Idade do Ferro e foi muito usado em íromano. O Losango faz hoje parte da cultura Berbere do Norte de África, dos Tamazigh de Marrocos. Para este povo o Losango, nas suas várias formas, é um talismã, um olho contra o mau-olhado.  


Figura 208 - Em (2) temos um portão na Vila de Terena que apresenta em Losango com um ponto central ou "olho".  Em (3) temos o Losango Cruzado na soleira da porta principal da Igreja de S. Martinho em Medellin (Extremadura espanhola). Este símbolo que parecia ser mais um tabuleiro de jogo revela-se um símbolo apotropaico. Podemos encontrar os símbolos que falámos acima (2 e 3)  na decoração-protecção de uma tenda berbere em (1). Muito interessante. Também encontramos este símbolos protegendo os altares das "Cantigas de Maria" de Afonso X. Estes símbolos surgem associados a outros reconhecidamente apotropaicos como a Suástica, o Octagrama e Selo de Salomão. Voltamos à Figura acima e vamos visitar o mundo da tapeçaria. Em (4 e 5) temos padrões de mantas alentejanas. Em (4) as mantas de Reguengos de Monsaraz que ainda existem graças ao esforço de décadas da Mizette Nielsen. Nestas mantas encontramos o Losango no seu padrão de "olho de perdiz". Em (5) damos um salto às mantas de Mértola onde encontramos outro símbolo apotropaico - o Octagrama. Deixamos as palavras do ilustre Cláudio Torres acerca das mantas da Serra Algarvia (Luzia, Magalhães e Torres 1984):
   "...encontramos inesperadas ligações com os princípios decorativos que regem algumas sociedades de pastores berberes do Norte de África....Sente-se o mesmo ritmo decorativo nos entrelaçados de lã e nos traços de pincel que decoram a cerâmica, onde a "espiga com silva" e o losango balbuciam a mesma linguagem..."(p. 50). 
   "Podemos tirar assim algumas primeiras conclusões:
- Há uma provável ligação entre uma certa geometria decorativa, uma técnica específica e os caminhos e áreas de pastorícia, que se destacam por uma extraordinária e teimosa manutenção de formas.
- Haverá antigos laços culturais da Serra Algarvia com o Rife e contrafortes de Kabilia. Além dos motivos ornamentais assinalados, encontramos restos linguísticos pouco estudados, estruturas arquitectónicas......São laços que consideramos bem mais antigos que possíveis interferências ulteriores a 711..." (p.62)
   Ainda na Figura 208 em (6 e 7) encontramos Losangos e Octagramas nas rendas alentejanas. Em (8 e 9) estão nos famosos tapetes de Arraiolos. Através dos símbolos podemos regressar às origens da pastorícia e tapeçaria.  


Figura 209 - O Losango também é figura frequente no Graffiti onde surge acompanhando cruciformes. Formam complexos padrões que incluem também triângulos. Em (1 e 2) temos vários Losangos e Triângulos numa  Cruz de Calvário. Esta foi riscada numa ombreira do Dormitório do Convento de S. Francisco em Évora. Em (3) encontramos o Losango associado à Cruz num dos grafitos do Aqueduto de Évora. Em (4 a 5) temos o Losango, em forma de pano,  cobrindo a Cruz nas Festas de Santa Cruz. Festas da nossa Aldeia da Venda. Quanto a esta tradição Moisés Espírito Santo conclui (2017, p. 253): 
   "Estamos perante um ritual muito original e particularmente antigo, talvez dos primórdios da sedentarização e da ocupação do território, nomeadamente, dos tempos da colonização fenícia e cartaginesa..."
    Falaremos de algumas das "festas" da Primavera mais adiante. 



4 - Portais e Placas Profilácticas


   Os Portais surgem em várias culturas e são muito frequentes em contextos funerários. Estes portais quando esgrafitadas são por vezes confundidas com marcações dos construtores dos monumentos. Pensamos que estes Portais assumem funções apotropaicas. Em Monsaraz encontramos um original Portal em relevo gravado no xisto de um lintel. Este é o melhor  exemplo  deste tipo de símbolo na sua função apotropaica. Protegendo a entrada de uma habitação. Também encontramos alguns grafitos de Portais associados a Pentagramas. Esta associação é mais uma evidência da sua função apotropaica. Estes Portais surgem por vezes na forma de Placas Profilácticas. As palavras do casal Varela Gomes (1997) em relação uma Placa encontrada em Silves (em (3) na Figura 210 abaixo):
   "As Placas apotropaicas são elementos arquitectónicos pouco comuns no mundo islâmico peninsular, sendo, também, conhecidas por "placas profilácticas". Elas oferecem textos ou iconografias variada, onde se destacam alguns símbolos recorrente, tidos como possuidores de propriedades capazes de afastarem o mal, e, por isso, acreditava-se serem detentoras de características que lhes conferem as denominações indicadas."(p.142).
   "Os arcos simbolizam a passagem entre dois mundos, entre a luz e as trevas do mundo profano. Por eles partem influências funestas e são acolhidas as boas. Eles podem indicar a porta do Céu. Julgamos constituir importante pervivência deste aspecto o arco ultrapassado, claramente islâmico, gravado no lintel de uma porta de Monsaraz. 
   Tal como em Gormaz, também nos surgem em Silves, os motivos estreliformes, integrados em círculos, um de tipo fitomórfico, mas com cinco pontas e um claro pentalfa. Trata-se de símbolos que carregam a ideia de perfeição, conotada com a organização do Cosmos e, portanto, contrária ao Caos, contendo o poder de esconjurara o mal nele gerado. As suas propriedades serão ainda mais poderosas que as do hexagrama ou "selos de Salomão" observados nas placas de Gormaz." (p.146 e 147).
   Acrescentamos a opinião de Fernando Coimbra sobre Estelas funerárias de período romano com Portas:
   "Mais recentemente, Armando Redentor admite a possibilidade de estas «portas» representarem uma arcaria honorífica, testemunhando «uma transposição do conceito de arco honorífico enquanto monumento. Ou seja, a inclusão desses motivos decorativos nas estelas funerárias, já por si monumentos de memória, significaria a transposição da monumentalidade específica de que goza aquela construção. De facto, o arco honorífico, enquanto estrutura que materializa uma passagem, foi assumindo (…) papéis simbólicos diversos: se, inicialmente, serviu para a realização de rituais, de valor sagrado e apotropaico, tornou-se, no início do Império, num importante instrumento plástico para enaltecer e divinizar uma personagem» (Redentor, 2002: 240)" (Coimbra 2007, p.17).
   Os portais no mundo funerários assumem muitas formas desde um simples grafito, passando por estelas funerárias até às Qubbas. Uma conversa que vai ter que ficar para outro post. 
  

Figura 210 - Em (1) apresentamos um espectacular Portal, gravado em relevo no xisto e protegendo uma porta de Monsaraz. A Porta que protege a porta e ainda por cima com características arquitectónicas do mundo islâmico. Em (2) encontramos outro Portal riscada nas paredes do Mosteiro da Batalha e aqui protegido por um Pentagrama. Em (3) temos uma Placa encontrada em Silves, do período islâmico e protegida por uma Roseta Pentapétala (foto de Varela Gomes, 1997). Em (4), mais um contributo de Vítor Rafael Sousa, na Igreja Matriz de Alcanede (Santarém). Aqui encontramos mais um Portal  protegido por um Pentagrama. Temos então três Portais compostos por dois símbolos, todos diferentes na forma, dois deles encontram-se protegidos por um Pentagrama e um por uma Roseta Pentapétala. O número cinco parece ter aqui algum significado. Mas o estudo dos números revela-se outra tarefa imensa. Só por curiosidade o número 5 aparece 318 vezes na Bíblia, o número 6 é mencionado 148 vezes, o número 7 surge 734 vezes e o numero 8 é mencionado 73. Parece que os números, especialmente o sete, ciclo da Lua, são de "alguma importância" para as religiões. 


Figura 211 - As Placas Profilácticas (apotropaicas) são muitas vezes confundidas com tabuleiros de jogo. Na Figura 206  apresentámos uma Placa Profiláctica com a fórmula "Sator". De época romana foi uma das várias que surgiram nas escavações de Conimbriga. Apresentamos agora outras de período medieval islâmico. Em (1) temos uma Placa  encontrada no Ribat da Arrifana. Esta esconde um pequeno Alquerque enquanto símbolo que é provavelmente uma Suástica Gironada (retirado de Barcelo, Varela Gomes e Varela Gomes 2013, p. 311). Em (2) temos fotos das Placas de Alcoutim que podemos encontrar na exposição patente no Castelo. Estas Placas foram encontradas na escavação do Castelo e estão datadas do período medieval islâmico. Destacamos duas das mais de trinta placas encontradas. Em (2) na Placa de cima temos símbolos nas duas faces da laje. Isto diz-nos que era uma placa móvel. Numa das faces temos um Alquerque dos Nove associado a uma Estrela de seis pontas. Esta Estrela pode ser uma representação da Roseta Hexapétala. O Alquerque dos Nove é também um símbolo apotropaico. Na outra face da Placa encontramos um  reticulado ou "rede". Já falámos destas "redes" acima quando abordámos os Nós. Estas "redes" também têm uma função apotropaica. Servem para "afastar" ou "agarrar" o mal. Autênticas armadilhas para prender os demónios ou o mal como vimos na Figura 203. Em (2) mas agora na Placa de baixo encontramos gravados dois  Alquerques dos Três. O maior está  incompleto pois o xisto desfez-se. Foi traçado outro ao lado mas mais pequeno. Isto demonstra que quem traçou estes símbolos estava mais interessado na sua forma protectora. Pode até ser um "reforço mágico" do primeiro símbolo.  Em (3) temos uma placa encontrada em Mourão que também apresenta uma "rede". Estas Placas são de época medieval islâmica e foram encontradas em contexto de necrópole. As palavras de Lídia Fernandes acerca destas Placas  encontradas no Concelho de Mourão:
   "Os exemplares que acima mencionámos surgiram em contextos de necrópole da antiga Vila Velha, concretamente, gravados em tampas de sepultura. Estas circunstâncias remetem, de imediato, para a controversa questão da simbologia de algumas gravações dos tabuleiros, como aliás já havíamos chamado a atenção..." (Fernandes 2013, p. 192). 
   São muitos os casos de Alquerques que surgem em tampas ou cabeceiras de sepultura. Por vezes surgem vários e de pequenas dimensões reforçando a sua função apotropaica. Surgem também muitos Alquerques  em templos de várias religiões e cronologias. A sua localização nestes templos torna difícil a uma interpretação enquanto jogo. Muitos destes tabuleiros surgem na vertical em elementos pétreos mas também em estuques e argamassa. Esta situação torna impossível que sejam tabuleiros de jogo.  


5 - Pregados na Porta


   A porta separa o nosso mundo do desconhecido. É uma barreira que tem que ser bem protegida. Contra ladrões com trancas bem fortes. Contra o mau-olhado com uma panóplia de objectos: ferraduras, cruzes de madeira, cardos, medalhas, patas de animais, etc


Figura 212 - Um dos objectos "mágicos" mais conhecidos é a Ferradura. Em (1) vemos várias, e coloridas, ferraduras num portão aqui da Aldeia. Em (2) temos o portão de uma Mesquita repleto de ferraduras funcionando quase como votos ou ex-votos. Em (3) vemos a porta de uma habitação comum com uma ferradura em lugar de destaque. Em (4) temos uma casa rural em Cascais na qual se vêem na parede do lado esquerdo várias ferraduras (foto de Guilherme Cardoso). Temos então ferraduras em templos, casas comuns, na porta em si ou na parede, em anexos, em portões, por todo o lado. Alguns autores associam este objecto a um crescente, provavelmente por terem uma forma parecida (?).





Figura 213 - Nesta figura encontramos uma placa e algumas ferraduras protegendo portas (fotos de Cardoso e Cabral 2004, p.143). O levantamento foi feito na Freguesia de Cascais. Duas destas portas ficam na Rua do Cobre onde cresci. 



Figura 214 - Encontramos Cruzes na moldura da porta, gravadas em relevo no lintel para todos verem ou grafitadas nas ombreiras mais escondidas. Nesta Figura vamos apresentar Cruzes cravadas nas portas ou penduradas nas fachadas. Em (1 e 2) temos várias pequenas cruzes em portas espanholas.  Em (3) pequenas Cruzes de ramos de louro que se colocam em janelas durante a Semana Santa. (retirado de Cruz Sanchez 2009, p. 25). Em (4) uma espectacular Cruz feita de flores colocada numa fachada. As palavras de Cruz Sanchez:
   "Las cruces que se colocam en las ventanas, a diferencia de las que se disponen en las otras áreas de acceso, solian ser de madera unas vezes dos sencillas ramitas de laurel en forma de aspa y otras autênticas cruces talladas en miniatura. Alonso Pascual refiere la tradición que aún se mantiene hoy en dia, confirmada también por el pastor robledano Aguatin Samaniego, del reparto el dia de Domingo de Ramos de manojos de laurel que cda vecino, una vez llegado a casa, partia de aquel unos palitos cruzados y atados con hilo se colocaban en las ventanas para que no entrara ningun rayo e para ahuyentar a las brujas o al demonio. El mismo Agustin talla estas cruzes y las acompana además de una ramite del mismo laurel repartido por el sacerdote en Semana Santa." (p. 11).

   A Lua sempre foi muito importante para as comunidades agrícolas. Em muitas delas o ano começava mesmo na primeira Lua Cheia depois do Equinócio da Primavera. Com o Cristianismo a importância da data é reafirmada com a Semana Santa e a Páscoa. São muitas as Festas que ainda encontramos no nosso Alentejo rural por esta altura. Aqui no Concelho de Alandroal temos a Festa dos Prazeres na Vila de Terena.  Na nossa Aldeia temos a Festa de Santa Cruz. Depois é Dia da Espiga, começam as colheitas, a tosquia dos animais e as importantes sestas. Para terem uma ideia das datas aqui vão as de 2012: Domingo de Páscoa - 8 de Abril, Festa dos Prazeres -15 de Abril, Santa Cruz - 11 de Maio e Dia da Espiga - 17 de Maio. 
   Moisés Espírito Santo (2004, p.117 e 118) refere que por esta altura que se aspergia as ombreiras das portas com o sangue dos cordeiros. Ainda segundo este autor em relação à ancestral Festa das Maias (Espírito Santo 2013): 
   "A Festa das Maias (1 de Maio) foi comum a todo o País (e em muitas partes da Europa); hoje, ainda consiste em colocar ramos de flor de giesta sobre as ombreiras das portas ou nos buracos das fechaduras para que o "Maio" (ou, então, a preguiça ou os bruxedos...) não entrem; acabou por ser associada à Santa Cruz, 3 de Maio."(p. 245).
    Deixamos uma interessante partilha de Jorge Castro:
   " Lá por Trás-os-Montes e anos 50/60, a minha avó materna enchia cada fresta de cada janela da casa com molhinhos de giestas floridas, alegando ela que, assim, o Maio «não nos entrava pelo rabo acima» (sic).
    No Dia da Espiga há o costume de fazer o ramo de espigas e flores e colocá-lo atrás da porta até ao próximo ano. Se entretanto houver uma trovoada é deitar um bocadinho da espiga no lume da lareira de maneira a que os raios não nos visitem.
    Guilherme Cardoso partilha connosco dois documentos, da Câmara de Lisboa do século XIV, que pretendem acabar com alguns rituais antigos substituindo estes por rituais cristãos entre eles a Santa Cruz:
   “… que daqui em diante esta cidade e em seu termo não se cantem Janeiras nem Maias, nem a outro nenhum mês do ano, nem se lance cal as portas no título de Jano, nem se furtem águas, nem se lancem sortes, nem se britem águas, nem se faça alguma outra obra, nem observância, como se antes fazia…
    ...Em congregação de letrados e varões religiosos, que na Câmara ajuntarão, fizeram votos, prometendo a Deus de os guardarem para sempre, e nunca mais usarem de superstições, feitiços, encantamentos, invocações de demónios, e sortes; deixarem todos os ritos gentilícios, como cantar janeiras, fazer maias, e outras festas em outros meses, nem se carpirem sobre finados…
  A partir dessa data observa-se que no Distrito de Lisboa nos primeiros dias de Maio só se festejava a Bela Cruz e a Santa Cruz, através de cruzes feitas com flores ou ornamentação de cruzeiro com flores.".
    


Figura 215 - Em (1 e 2) temos um interessante elemento apotropaico do mundo vegetal - o Cardo. Em (1) cravado numa porta e associado a outros objectos de cariz apotropaico. Segundo Cruz Sanchez e Ruiz Trueba (2019):
   "Puerta de una casa de Zerain (Guipúzcoa) que acumula símbolos protectores tales como eguzkilore o flor del sol, una Sagrado Corazón y un par de medallas. Fondo Carlos Flores, 1970....
   El poder de protección de la cruz se suele amplificar, con frecuencia, con otros tipos de detentes tales como las conocidas chapas esmaltadas con el sagrado corazón de Jesús, tan comunes a partir de finales del siglo XIX (Herradon, 2009: 214-216), medallas, comúnmente de San Benito con la conocida oración, eficaz detente contra el demonio o incluso partes de animales, tales como zarpas de buitre o incluso de oso —de las que aún encontramos ejemplos en Saldaña y en Navacepeda de Tormes, en Palencia y Ávila respectivamente o en el Pirineo oscense—, claveteadas en las puertas (Valverde, 2005: 32-33) y ciertas plantas con propiedades mágicas (Gonzalez, Garcia-Barriuso y Amich, 2011: 380). En este sentido, Carlos Flores fotografió numerosas puertas de caseríos vascos con la presencia de unos cardos denominados eguzkilore o flor del sol—flor de la Cardina acaulis—, cuya función, en la cosmovisión mágica del pueblo vasco,  es la de ahuyentar a los malos espíritus y espantar otros males que puedan afectar a los habitantes de la casa, planta que en tierras aragonesas se denomina carlina y que se solía colocar en los pajares y en los corrales o parideras (Biarge y Biarge, 2000: 144146)." (p 194 e 195).
   Muito interessante a descrição do poder do Cardo por (Navarro Lópes 2018): 
   "Por su parecido con el Sol, la carlina se coloca en dinteles, puertas y ventanas como amunleto para elajar brujas e malos espíritus. La explicación popular para este uso asegura que las brujas, al verla, no pueden resisitir la tentación de contar las numerosas y minúsculas flores que posee en el interior del capítulo floral. Haciéndolo, se les hace de día y tienen que  huir sin conseguir realizar lo que tenían planeado." (p78).
   As portas também podem estar protegidas por patas de animais. Em  (3) vemos uma pata de javali e em (4) temos patas de uma ave associadas a um Cruciforme.


6 - Siglas e Acrónimos


   São várias as Siglas e Acrónimos  com função apotropaica. Estas estão relacionadas com o cristianismo. Entre as mais frequentes encontramos referências a Jesus Cristo:  IHS representando as três primeiras letras do nome de Jesus em Grego "ΙΗΣΟΥΣ" ou o INRI para "Jesus o Nazareno rei dos Judeus" em Latim "Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum". 
   Algumas  referem-se à Virgem Maria:  o  AM para "Avé Maria" ou simplesmente  A em que se lê também "Avé Maria". Este tem por vezes uma forma antropomorfica. Outro forma é o do latim "Virgo Virginum" ou "Virgem das Virgens" que também surge como M. 


Figura 216 - Em (1) apresentamos uma espectacular porta medieval em Castelo de Vide. Aqui encontramos a Epigrafe do construtor, um Peixe e uma "Avé Maria" na forma de um simples de . Em (2) o mesmo A na sua forma antropomórfica gravado no Adro da Sé de Évora. Em Terena (Alandroal) encontramos a impressionante Igreja-Fortaleza da Boa Nova. Nos muretes exteriores deste Santuário temos alguns grafitos. Em (3) encontramos o W associado às Cinco Chagas de Cristo. Em (4)  um simples AM.


7 - Zoomórficos 


   O simbolismo dos animais é um tema muito vasto que não vamos aprofundar por aqui. É também alvo de diferentes interpretações o que o torna muito complexo. Dou como exemplo de beleza e complexidade os frescos quinhentistas das Casas pintadas em Évora. Neste fresco surgem vários animais, alguns mitológicos, em algumas "cenas". 
   Passamos a apresentar alguns grafitos de animais provavelmente desempenhando funções de cariz religioso.  Já falámos de figuras de animais que guardam o chapéu das chaminés funcionando como "Espanta Bruxas". Vamos agora falar brevemente de Peixes, Felinos, Pombas e Pinhas.

Figura 217 - O Peixe está ligado ao Cristianismo do Grego "ICHTHUS" ou "Jesus Cristo filho de Deus o Salvador". Em (1) vamos encontrá-lo no lintel de uma porta medieval em Castelo de Vide associado a outros símbolos. Em (2) está no Adro da Igreja de Nossa Senhora da Lagoa em Monsaraz. Aqui também associado a outros símbolos como por exemplo o Alquerque. Em (3) surge na placa de fundação do Castelo medieval de Borba. Em (4) encontramos um Pássaro associado a um Alquerque dos Três. Estes dois símbolos estão grafitados no estuque debaixo do fresco do "Bom e do Mau Juiz" em Monsaraz. O "Passarinho" representa um suborno. No fresco encontramos o "Mau Juiz" com mão estendida aceitando "Passarinhos". Ainda bem que já resolvemos o problema da corrupção em Portugal. Em (5) temos um Cavalo, que surge  muito em grafitos com ou sem cavaleiro. Um animal importante ao longo da História do Homem. Em (6) visitamos Torre de menagem do Castelo medieval de Elvas. Aqui encontramos vários grafitos com estranhas personagens. Seres em postura vertical e vestidos mas com cauda e focinho (?). Os grafitos escondem muitos segredos. 


Figura 218 -  Do lado esquerdo vemos o Chafariz de Santo Estevão em Évoramonte. Neste encontramos os Grafitos de um Lobo (1), de um Cisne (2) e de um Macaco (3). O que fazem lá e quando foram feitos não sabemos. O Macaco surge fora do seu habitat natural. Terá sido trazido de além-mares?  Na Cidade de Estremoz tirámos uma foto, à direita, a uns riscos na ombreira de uma porta. Uns meses depois fomos ver a foto, com calma, e surgiu um felino. Um felino guardando um porta de Estremoz. Que mais escondem as ombreiras das nossas povoações? 



Figura 219 - Uma das tradições apotropaicas  é  proteger a casa com Pombas nas extremidades do telhado. Outra tradição apotropaica é pôr pinhas nos muros e portões. Duas tradições que surgem muitas vezes associadas. 
   As pombas estão relacionadas com antigas Deusas da Lua e da fertilidade como por exemplo Ishtar e Ísis. Alguns autores associam estas Deusas à Virgem Maria mas isso já é outra história. No Antigo Testamento a pomba de Noé descobriu terra e trouxe um ramo de oliveira. No mundo europeu clássico as pombas foram associadas primeiro a Afrodite e depois a Vénus. Com o Cristianismo passaram a estar relacionadas com o Espírito Santo e com a paz. A pomba é também o sÍmbolo na nossa "Alma Mater" a Universidade de Évora. Tudo coisas boas. Os pombos continuam a ter um papel no Alentejo que tem grande número de aficionados na Columbofilia e espectaculares pombais.  

   Quanto à pinha deixo a excelente explicação do Guilherme Cardoso que começa com "Ídolo de Pinha" da Pré-História: 
   "Entre os diversos ídolos recolhidos nas “grutas” artificiais de Alapraia está o chamado “ídolo” de pinha, esculpido em rocha calcária, recolhido no hipogeu IV . A nosso ver, não se trata, na verdade, de um ídolo, mas sim de um aspersório ou hissope, a que falta o punho.
   Em vários monumentos funerários da região de Lisboa têm aparecido peças idênticas, sempre ligadas a materiais arqueológicos datados do terceiro milénio a.C. A sua raridade dentro de sepulturas, nunca mais de um exemplar por cada gruta ou dólmen em contraste com os ídolos de betilo, que são comuns em vários enterramentos no mesmo monumento funerário, bem como a sua ausência em povoados levam-nos a supor que este tipo de hissope faria parte das alfaias religiosas que os sacerdotes de algum culto pré-histórico da península de Lisboa usariam em rituais, possivelmente de bênção, e que, após a sua morte, os acompanharia na sepultura.
   Representações de pinha apareceram em paredes de palácios assírios, onde são retratados deuses alados, que numa mão têm um balde e, na outra, uma pinha, como que aspergindo os moradores do palácio, o que pode exemplificar aquilo que dizemos.
   Mais tarde, podemos observar que, na zona da Frígia, apareceu o culto a Dionísio. Nas imagens que o figuram, aparece normalmente a segurar um tirso (báculo), decorado com eras e parras, encimado por uma pinha.....
   No culto religioso cristão, o uso da pinha como alfaia religiosa manteve-se até hoje (Bandeira de prata do Círio de Nossa Senhora da Nazaré, São João das Lampas, Sintra), sendo utilizada para representar as cinco chagas de Cristo que os sacerdotes cravam no círio pascal, que está colocado junto à pia baptismal, para iluminar os catecúmenos, quando são baptizados com a água para os purificar do pecado original."


8 - Petrosomatoglifos


   O palavrão "Petrosomatoglifos" refere-se a partes do corpo, humanas ou animais, que surgem trabalhadas na pedra. Pés em relevo, mãos e pénis riscados em afloramentos rochosos, nas portas dos templos e também protegendo a entrada de casas comuns. Podem por vezes surgir na forma de "pedras grandes" sendo confundidas com a Cultura do Megalitismo. Estas "partes do corpo" também surgem em pequenas dimensões na forma de Amuletos e Talismãs. Os Votos e Ex-votos são também muito ricos em "partes do corpo". Como podem compreender é um mundo imenso. Como este post já vai longo vamos só fazer uma pequena introdução apresentando alguns Petrosomatoglifos. 




Figura 220 - São muitas  as "Caraças" que nos olham e protegem em vários tipos de edifícios. Em (1, 3 e 4) temos algumas das várias Caraças que protegem os cunhais das torres do Castelo Medieval de Mourão. Em (5) temos uma "Caraça" em Évora. Nesta Cidade encontramos muitas "Caraças" de vários períodos cronológicos. Estas foram usadas até ao século XX como forma de protecção.  Em (2) temos uma pequena estatueta que guarda a muralha medieval das Fortificações de Elvas. Esta foi-nos apresentada pelo Tenente-Coronel Luís Ribeiro a quem agradecemos. A estatueta pode ser da Proto-História sendo posteriormente reutilizada na Idade Média com funções apotropaicas. Elvas esconde muitos segredos. 


Figura 221 - Encontramos uma porta de Castelo de Vide protegida por  uma curiosa "Caraça" esculpida na madeira. Há várias  interpretações para as "Caraças", desde o costume de usar cabeças cortadas para assustar os inimigos até representarem deuses protectores. Uma coisa é certa ........intimidam.




Figura 222 - Em (1 e 2) temos um "Pé", pegada ou sapato, em relevo num afloramento rochoso aqui no Alandroal. Este está muito perto de um pequeno Santuário com mais sete Podomorfos associados ao período romano. Em (3, 4 e 5) encontramos um "Pé" riscado numa escadaria de Estremoz e associado a um Cruciforme. Estes grafitos de "Pés" surgem desde a Proto-História. Uma das interpretações é que são pedidos de protecção para jornadas perigosas. Associando o "Pé" ao acto de caminhar. Protegendo as milenares Peregrinações (?). 



Figura 223 - Em (1) temos várias "Mãos" que surgem desde a Pré-História. Em (2) uma "Mão" associada a uma serpente e protegendo uma porta (foto de Armando Biendicho a quem agradecemos). Temos encontrado muitas "Mãos" nos bancos dos adros do nosso Concelho de Alandroal. Em (3 e 4) num banco e no Cruzeiro da Ermida de Nossa Senhora das Neves em Ferreira. Em (5) num banco da Ermida de Santo António de Capelins também em Ferreira. Nesta Ermida são várias as "Mãos" riscadas no xisto e surgem associadas a Alquerques enquanto símbolo. Em (6) uma "Mão" num banco do adro da Igreja de S. Pedro em Terena, de novo associada ao Alquerque. Esta está mesmo desenhada dentro deste símbolo. A nosso ver as "Mãos" são uma maneira de identificar quem fez o pedido ou promessa. Numa sociedade onde ler e escrever era um privilégio. Parece-nos boa ideia assinar uma mensagem para os deuses com parte do corpo. 



Figura 224 - Apresentamos algumas partes do corpo "sagradas". Em (3) temos as pegadas de Buda. Em (4) vemos uma pegada de Alá. As mãos e os pés dos profetas marcados na pedra ou na forma de Amuletos são muito frequentes. Em (5) temos a pegada de Buda em forma de Amuleto de papel e numa Placa Profiláctica. Em relação à placa é interessante como vamos encontrando os mesmos tipos de suporte e em diferentes culturas. Em (2) temos a Mão de Fátima, Khomsa (amuleto) ou  Hamsa (cinco). Esta está desenhada numa porta e numa parede da Tunísia. A sua forma sugere uma Flor de Lotus à qual surge, por vezes, associada. Esta flor vais surgindo no nosso Alentejo um pouco por todo o lado. Os símbolos apotropaicos são muito "dinâmicos" e estão em constante "mutação". Começamos também a compreender que não são assim tantos. São diferentes representações dos mesmos.  Fica aqui a opinião de António Rei sobre a Mão de Fátima no lar:
  "Uma outra utilização mais vulgar desta figura é a simples pintura da mão, através de uma forma estética mais ou menos conseguida, e que aparece geralmente nas portas das casas, mas surge também muitas vezes nos muros das moradias. Esta utilização ainda mais acessível e vulgar da ‘Mão de Fátima’, talvez pela facilidade de meios para a conseguir, e sem grandes exigências técnicas e artísticas, fez com que a mesma figura, tão popular na região do Magrebe, surgisse não apenas nas portas dos muçulmanos, mas também nas dos judeus." (Rei 2005, p.7). 
   Luís Filipe Maçarico (210, p. 222) no estudo da mão nas portas do Alentejo cita outros autores como Claudio Torres:
  "A mão aberta, dos rituais mágicos....Entra no imaginário de todas as civilizações. Nas portas do Magreb o batente vulgar é  a mão aberta.....". Luís Filipe Maçarico não encontra a Mão de Fátima nos Batentes das portas alentejanas.
   Leite de  Vasconcelos comenta:
   "... A mão, emblema do poder, tornou-se um dos mais antigos e protectores amuletos....". 
   Em relação à figa acrescenta: 
   "...a mão foi a figa dos romanos (quer enquanto defesa contra maus desígnios, quer enquanto signo sexual), que se guardou, para se proteger dos maus-olhados, aparecendo ainda nos anos sessenta do século...." 
   Em (1)  temos um objecto que nos é muito querido pois foi-nos oferecido por familiares quando nasceu a nossa filha. Neste conjunto de Amuletos, que ganham força juntos, temos a Figa, o Crescente, o Corno e o Sino Saimão (Pentagrama). Leite de Vasconcelos dá-lhe o nome de "Arreliques" ou "Arrelicas" derivado de "Reliquias" (1918, p. 236). Como Talismã contra o mau-olhado e a inveja foi-nos oferecido um saquinho com ervas para colocar no berço. Até agora a magia  tem resultado (noc noc noc). 


Figura 225 - Em (2) temos vários Votos ou Ex-votos de cera que replicam partes do corpo. Este cumprem a função de pedir ou agradecer algo aos deuses. A cura de uma maleita numa perna  por exemplo. Com o nascimento da fotografia começou-se a usar apenas uma foto para agradecer ou pedir protecção. Em (1) podemos observar paredes repletas de fotografias no Santuário de em Viana do Alentejo. Em (3) encontramos um Ex-voto pintado num pequeno quadro de madeira. Este serve para agradecer aos deuses terem "resolvido" a "cena" retratada. Encontramos muitas "cenas" riscadas nas  muralhas de fortificações e nos santuários em afloramentos rochosos. Estas "cenas" estão quase sempre associadas a símbolos apotropaicos. Abaixo nos "Casos de Estudo" apresentamos alguns destes autênticos "muros das lamentações". 



Obrigado, a equipa






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2 comentários:

  1. muito importante . existe algum livro com esses temas? Parabéns pelo Blog

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  2. Ora viva, muito obrigado, na bibliografia encontra as referências sobre os vários temas, um livro que os abarque a todos não conheço......

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